ATA
DA QUADRAGÉSIMA SÉTIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA
DA DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA, EM 27-5-2010.
Aos
vinte e sete dias do mês de maio do ano de dois mil e dez, reuniu-se, no Plenário
Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às
quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, respondida
pelos vereadores Adeli Sell, Airto Ferronato, Aldacir José Oliboni, Bernardino
Vendruscolo, DJ Cassiá, Fernanda Melchionna, Haroldo de Souza, João Antonio
Dib, Nelcir Tessaro, Paulinho Rubem Berta, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo,
Sofia Cavedon e Toni Proença. Constatada a existência de quórum, o senhor
Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram
os vereadores Alceu Brasinha, Beto Moesch, Carlos Todeschini, Dr. Raul, Dr.
Thiago Duarte, Elias Vidal, Engenheiro Comassetto, Idenir Cecchim, João Bosco
Vaz, João Carlos Nedel, Luiz Braz, Maria Celeste, Mario Manfro, Maurício
Dziedricki, Mauro Zacher, Nilo Santos e Paulo Marques e Pedro Ruas. À MESA,
foram encaminhados: pela Mesa Diretora, o Projeto de Lei do Legislativo nº
093/10 (Processo nº 2106/10); pelo vereador João Carlos Nedel, o Projeto de
Resolução nº 014/10 (Processo nº 1917/10); pelo vereador Luciano Marcantônio, o
Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 007/10 e os Projetos de Lei do
Legislativo nos 052, 053, 054 e 057/10 (Processos nos
1316, 1108, 1109, 1110 e 1113/10, respectivamente); e pelo vereador Nelcir Tessaro,
o Projeto de Lei do Legislativo nº 086/10 (Processo nº 1988/10). Do EXPEDIENTE,
constaram: Ofícios nos 021/10, do Fundo Nacional de Assistência
Social do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, e 143/10, do
deputado federal Renato Molling; e Comunicado nº 16497/10, do senhor Daniel
Silva Balaban, Presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação –
FNDE. Após, o senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao senhor
Hans Baumann, Presidente do Clube de Cultura, que discorreu sobre a atuação
dessa entidade em defesa da cultura no País. Também, nos termos do artigo 206
do Regimento, os vereadores Pedro Ruas, Engenheiro Comassetto, Toni Proença,
Reginaldo Pujol, Dr. Raul, Fernanda Melchionna, esta pela oposição, e DJ Cassiá
manifestaram-se acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Às
quatorze horas e quarenta e nove minutos, os trabalhos foram regimentalmente
suspensos, sendo retomados às quatorze horas e cinquenta minutos, constatada a
existência de quórum. Após, por solicitação do vereador Aldacir José Oliboni,
foi realizado um minuto de silêncio em homenagem póstuma ao irmão Jaime Biazus,
falecido no dia de ontem. Em continuidade, foi iniciado o período de
COMUNICAÇÕES, hoje destinado, nos termos do artigo 180, § 4º, do Regimento, a
tratar de questões atinentes à erradicação do trabalho infantil. Compuseram a
Mesa: os vereadores Nelcir Tessaro, Mario Manfro e Bernardino Vendruscolo,
respectivamente Presidente, 1º Vice-Presidente e 1º Secretário da Câmara
Municipal de Porto Alegre; o senhor Heron de Oliveira, Superintendente da
Delegacia Regional do Trabalho no Rio Grande do Sul; e a senhora Dulce Martini
Torzecki, Procuradora do Ministério Público do Trabalho no Rio Grande do Sul.
Após, o senhor Presidente concedeu a palavra, nos termos do artigo 180, § 4º,
incisos I e II, à senhora Dulce Martini Torzecki e ao senhor Heron de Oliveira,
que se pronunciaram sobre o tema em debate. Em COMUNICAÇÕES, nos termos do
artigo 180, § 4º, inciso III, do Regimento, pronunciaram-se os vereadores
Carlos Todeschini, Maria Celeste, Pedro Ruas, Sofia Cavedon, Fernanda Melchionna,
Bernardino Vendruscolo, João Bosco Vaz, Aldacir José Oliboni, Idenir Cecchim,
DJ Cassiá e Dr. Raul. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se os vereadores
Luiz Braz e Paulinho Rubem Berta. A seguir, o senhor Presidente concedeu a
palavra, para considerações finais sobre o tema em debate, ao senhor Heron de
Oliveira. Às dezesseis horas e quarenta minutos, os trabalhos foram regimentalmente
suspensos, sendo retomados às dezesseis horas e quarenta e dois minutos,
constatada a existência de quórum. A seguir, o vereador Pedro Ruas
manifestou-se acerca dos trabalhos da presente Sessão. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER,
pronunciaram-se a vereadora Sofia Cavedon e o vereador Nilo Santos. Na ocasião,
o vereador João Antonio Dib manifestou-se acerca dos trabalhos deste
Legislativo durante o dia de hoje. Às dezessete horas e oito minutos, os
trabalhos foram regimentalmente suspensos para a realização de reunião conjunta
de Comissões Permanentes, sendo retomados às dezessete horas e vinte e quatro
minutos, constatada a existência de quórum. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se os vereadores João Antonio Dib, pelo
Governo e em tempo da Bancada do PP, Maria Celeste, esta pela oposição,
Bernardino Vendruscolo e Reginaldo Pujol. Na oportunidade, o vereador Pedro
Ruas manifestou-se acerca do pronunciamento do vereador João Antonio Dib em
Comunicação de Líder. Também, em face de Representação Externa do vereador
Nelcir Tessaro, do dia de hoje ao dia seis de junho do corrente, o vereador
Mario Manfro assumiu a Presidência deste
Legislativo, para o mesmo período. Ainda, a vereadora Fernanda Melchionna
manifestou-se acerca do pronunciamento do vereador Bernardino Vendruscolo em
Comunicação de Líder. Também, a vereadora Maria Celeste formulou
Requerimento verbal, solicitando informações acerca da presidência dos
trabalhos durante Sessão Solene a ser realizada no dia de amanhã, neste
Legislativo, tendo-se manifestado a respeito o vereador Bernardino Vendruscolo.
Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Projeto de Lei
Complementar do Legislativo nº 006/10; em 2ª Sessão, o Projeto de Lei Complementar
do Legislativo nº 010/10 e o Projeto de Lei do Legislativo nº 078/10. Durante a
Sessão, foram registradas as presenças do vereador Carlos Alberto Rezende, da
Câmara Municipal de Júlio de Castilho – RS –, e do senhor Vagner dos Reis,
suplente de vereador do Município de Viamão – RS. Às dezessete horas e
cinquenta e dois minutos, o senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos,
convocando os senhores vereadores para a Sessão Ordinária da próxima
segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos vereadores
Nelcir Tessaro, Mario Manfro, Bernardino Vendruscolo e Toni Proença e secretariados
pelo vereador Bernardino Vendruscolo. Do que eu, Bernardino Vendruscolo, 1º
Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata, que, após distribuída e
aprovada, será assinada por mim e pelo senhor Presidente.
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): De imediato, passamos à Tribuna Popular. Depois
teremos a apresentação de um tema muito importante: a erradicação do trabalho
infantil; nossos convidados já estão presentes.
Passamos à
A Tribuna Popular de hoje tratará de assunto
relativo ao Clube de Cultura. O Sr. Hans Baumann, Presidente do Clube de
Cultura, está com a palavra, pelo tempo regimental de 10 minutos, para tratar
de assunto relativo à atuação do Clube em defesa da cultura.
O SR. HANS
BAUMANN: Boa-tarde a todos e a todas; ao Presidente da Câmara, Ver. Nelcir
Tessaro; aos ilustres Vereadores e aos demais componentes da Mesa.
O Clube de Cultura completa, no dia 30 de maio, 60
anos. Durante os 60 anos dessa trajetória, buscamos exercer o nosso objetivo de
fundação, promover novos valores artísticos e culturais na nossa cidade, nas
áreas de literatura, cinema, teatro, música, dança e humanidades.
Reiteradamente, realizamos atividades visando a ajudar a compreensão e o
entendimento entre os povos. O entendimento central e ainda atual de que a
verdadeira cultura deve portar uma mensagem de fé e esperança num mundo melhor
deve despertar a consciência do homem. E um homem consciente do seu tempo e dos
acontecimentos que se desenrolam em torno de si é um homem prevenido, um homem
armado para enfrentar os desafios e imprevistos do tempo em que vive. A cultura
é, desse modo, uma forma elevada de emancipação, mas em seu sentido social,
aquela que não se limita ao estéril individualismo, e sim ao vasto e sábio
território humano que irmana coletivamente todo o Universo.
Começamos de maneira modesta em uma pequena casa,
promovendo atividades no âmbito das letras, com Aparício Torelly - o famoso
Barão de Itararé -, Graciliano Ramos, Jorge Amado e outros. Nas artes plásticas
promovemos exposições e debates com os membros do Clube de Gravura, fundado no
início da década de 50, com Carlos Scliar, Danúbio Gonçalves, Vasco Prado e
outros, na perspectiva de popularização das artes. Fomos pioneiros no ensino de
artes plásticas para crianças em Porto Alegre, constituindo uma escolinha de
artes ainda no primeiro lustro dos anos 50. Naqueles anos, ainda formamos o
nosso próprio coral, regido inicialmente pela renomada musicista Esther Scliar
e, posteriormente, pela soprano Helena Wainberg. As mulheres do Clube de Cultura,
organizadas, dedicaram-se e enviaram muitos auxílios às crianças vítimas da 2ª
Guerra Mundial na Europa e posteriormente trabalharam na integração das
crianças e famílias refugiadas que tinham dificuldades da sua inserção na
sociedade brasileira.
Buscando a ampliação de nossas potencialidades e
democratizar ainda mais a cultura, os diretores e sócios empreenderam a
construção de uma nova sede social - a partir do Edifício Condomínio, a preço e
custo -, com diversas salas, biblioteca e auditório, iniciativa impulsionada
pela convicção da necessidade da construção de uma casa de cultura, que ‘é a
chispa que irá incendiar os últimos redutos do obscurantismo e da
intolerância’, como bem se expressou o nosso falecido Diretor Jacob Koutzii,
pai do Flávio Koutzii. Empreendimento de tal porte só se tornou viável com a
construção do condomínio Clube de Cultura, na Rua Ramiro Barcelos 1853, no qual
parte do térreo abrigou e ainda abriga a nossa sede própria, inaugurada em
1957, com a apresentação da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre e também um
recital com a Elis Regina. Na época, ela pouco mais de 15 anos e estreou no
Clube do Guri, em Porto Alegre, no Clube de Cultura.
Paulo Fontoura Gastal impulsionou o Clube de Cinema
em nossa sede junto a um dos fundadores. Jacob Koutzii foi pioneiro na crítica
cinematográfica assinando suas críticas nos jornais sob o pseudônimo de Plínio
Moraes. Comemorávamos, com ênfase, o Levante do Gueto de Varsóvia - ocorreu em
1943, durante a Guerra, quando os judeus se levantaram contra o exército
ocupante nazista -, episódio que aprofundou o desejo vivo e ardente de cimentar
uma humanidade fraternal e pacífica e consolidar a paz e a segurança entre
todos os povos da terra. Ato que passou a ser de difícil realização após o
golpe militar, quando o elogio à resistência e a luta contra a discriminação e
opressão não puderam mais ser feitos de forma aberta e contundente. O golpe
militar levou muitos sócios, diretores e colaboradores a se afastarem do Clube
de Cultura, dificultando ainda mais as nossas atividades. No entanto,
paulatinamente, o quadro de pânico e receio que houve naquela época foi
superado, tendo como expoentes dessa época a peça teatral A Prostituta Respeitosa, de Sartre, e os redescobertos textos de
Qorpo Santo - um autor que escrevia peças na época do Império contra os
militares daquela época -, inéditos no palco por cem anos.
Lembro a memorável palestra de Vinicius de Moraes.
Vinicius apareceu em Porto Alegre em 1967, nós fomos visitá-lo e pedimos que
ele falasse no Clube de Cultura. Ele nos disse que tinha saído do Rio, cassado,
como diplomata, como político, como autor musical, disse que era muito difícil
porque não podia falar. Fizemos um apelo para que ele falasse de maneira que
pudesse atrair jovens, pois essa fala seria uma ajuda à nossa resistência no
Clube de Cultura. Vinicius cedeu e apareceu no Clube. Antes de sua fala, não
tínhamos muitas condições de fazer propaganda na mídia, porque havia censura,
era proibido a qualquer um se manifestar, principalmente quem já era cassado.
Vinicius apareceu no Clube quarenta e oito horas depois de termos espalhado
faixas e cartazes na UFRGS, no Júlio de Castilhos - que era um grande baluarte
da resistência à ditadura. Para surpresa nossa, movimentaram-se em torno de
seiscentas pessoas no Clube de Cultura, sendo que as pessoas transpunham a
calçada e o outro lado da Rua Ramiro Barcelos. E Vinícius deu o seu recado com
grande galhardia, discorrendo sobre cultura e, nas entrelinhas, sobre formas de
enfrentamento cultural à ditadura. Foi de uma coragem tremenda.
Não podemos deixar de mencionar os encontros da
Frente Gaúcha de Música Popular, que, engajadamente, buscava abrir espaço para
os músicos locais, que se encontravam ameaçados frente à indústria cultural e,
também, à ditadura - entre eles, Cezar Dorfman, Raul Elwangler, Edgar Pozzer,
Cláudio Levitan e dezenas de outros. Inegavelmente, o Clube de Cultura foi um
espaço importante, onde inúmeros intelectuais, artistas e ativistas
congregavam-se na perspectiva da construção de uma frente cultural pela
redemocratização do País. Após a abertura democrática, abrigamos jovens atores,
quando se realizaram as estreias das peças de Caio Fernando Abreu, bem como a
montagem de Terror e Miséria no Terceiro
Reich, de Brecht, nos anos 1933/1934, que antecederam a Primeira Guerra
Mundial. Realizamos incessantemente, ao longo desses 60 anos, palestras sobre
diversos temas, buscando proporcionar o acesso à cultura para maiores parcelas
de nossa sociedade, atividade que constitui hoje a principal programação do
Clube de Cultura. O Clube de Cultura cumpriu a sua tarefa como um espaço de
organização e de elaboração de uma frente cultural progressista nos anos 50 e,
posteriormente, antiditatorial, durante o período militar.
Apesar de todo esse histórico, nunca tivemos uma
existência fácil. A entidade, inúmeras vezes, passou, como ainda passa, por
necessidades materiais e financeiras. É visível que urge a adequação de nossas dependências às necessidades da produção
cultural contemporânea. O nosso auditório necessita de urgentes reformas
estruturais para acomodar adequadamente produções teatrais, musicais e
palestras. Na atual quadra, faz-se necessário novamente o incentivo aos novos
valores locais, à produção cultural autônoma e de qualidade. Os jovens artistas
e intelectuais não têm à disposição espaços qualificados suficientes para sua
atuação. Muitas das atividades que poderiam ser efetuadas no Clube de Cultura
não o são por problemas estruturais e financeiros. Muitas vezes, iniciativas
importantes não conseguem outros espaços para se efetivarem.
Ainda que as
condições ora oferecidas pela sede do Clube de Cultura para a realização de
diferentes eventos culturais sejam notoriamente precárias, uma importante
parcela da população porto-alegrense, composta principalmente por adolescentes,
jovens e jovens adultos, continua frequentando as atividades por nós propostas.
O Clube de Cultura, ainda que modestamente, contribui para a formação cultural
dessa população e integra, com objetivos definidos, o cenário cultural da
Cidade. No entanto, para podemos atingir plenamente os nossos objetivos,
necessitamos da colaboração de instâncias da sociedade civil organizada e
principalmente do Poder Público, para que esse espaço histórico de cultura
porto-alegrense possa vir a brilhar com toda a intensidade nos próximos 60 anos
de vida. Temos a convicção de que podemos abrigar importante parcela da
produção cultural local, desde que os nossos esforços sejam corroborados pelo
Poder Público, tanto nas reformas necessárias à manutenção física da entidade
como no auxílio financeiro aos nossos projetos culturais. Assim, fazemos a
solicitação a esta nobre Câmara de Vereadores de Porto Alegre para que nos
auxilie a levar o Clube a mais 60 anos de luta pela democratização da cultura.
Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Sr. Hans, convido-o a fazer parte da Mesa.
O Ver. Pedro Ruas está com a palavra, nos termos do
art. 206 do Regimento.
O SR. PEDRO
RUAS: Presidente Nelcir Tessaro; meu caro companheiro Presidente do Clube de
Cultura, Hans Baumann; faço este registro em nome do PSOL, da nossa Bancada, em
meu nome e em nome da Verª Fernanda Melchionna, no sentido de reconhecer,
Baumann, o trabalho extraordinário que o Clube de Cultura tem feito ao longo de
60 anos. Para além do teu relato da tribuna - que para nós já seria suficiente
-, temos também a experiência pessoal do conhecimento para haver o
reconhecimento. De todas as entidades que foram auxiliadas, abrigadas pelo
Clube de Cultura, cito, como exemplo maior, a Associação Cultural José Martí.
Tantas outras tiveram na gentileza, na boa vontade e na militância produtiva do
Clube de Cultura e de sua Direção o amparo necessário às suas atividades. Faço
este registro com muita satisfação e até com alguma emoção. Nós, Presidente
Baumann, estamos à disposição; no que pudermos ser úteis, para nós será motivo
de elevada honra. Seja bem-vindo a esta Casa, conte conosco. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Engenheiro Comassetto está com a palavra,
nos temos do art. 206 do Regimento.
O SR.
ENGENHEIRO COMASSETTO: Sr. Presidente, prezado Hans Baumann, em nome da
Bancada do Partido dos Trabalhadores, vimos aqui para cumprimentá-lo
principalmente pelo trabalho que o senhor exerce à frente do Clube de Cultura,
assim como os demais membros, cumprindo um papel fundamental na afirmação da
cultura popular, na construção de uma sociedade de paz, de solidariedade e que
reconhece, na evolução da humanidade, a cultura como uma essência entre as
civilizações. Nesse sentido, a Bancada do Partido dos Trabalhadores, através da
Verª Sofia Cavedon, já protocolou nesta Casa um expediente para que a Casa
preste uma homenagem ao Clube de Cultura, com o Troféu Câmara de Porto Alegre.
Em breve, o senhor receberá esta notícia, porque a homenagem certamente será
acolhida pela unanimidade dos nossos colegas Vereadores. Portanto, em nome da
Bancada do Partido dos Trabalhadores, desejo vida longa ao Clube de Cultura!
Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Toni Proença está com a palavra, nos termos
do art. 206 do Regimento.
O SR. TONI
PROENÇA: Sr. Presidente, Ver. Nelcir Tessaro; Sr. Hans Baumann, o Clube de
Cultura, além das suas iniciativas culturais e atividades, termina por acolher
atividades culturais de outras iniciativas em toda a Cidade, sendo uma usina da
cultura gaúcha e da cultura brasileira. Quero cumprimentá-lo pelos 60 anos e
dizer que fiquei muito feliz quando o senhor lembrou do Clube do Guri, que era
apresentado pelo nosso grande Ari Rego. Tive de me socorrer da memória do meu
amigo Ver. Reginaldo Pujol. E eu me lembro também, Reginaldo, depois que nós
falamos, de que era patrocinado pela Neugebauer, outra instituição que sempre
apoiou as manifestações culturais do Rio Grande do Sul. Parabéns pelo trabalho,
continuem assim. Como disse o Ver. Comassetto: vida longa ao Clube de Cultura!
Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra, nos
termos do art. 206 do Regimento.
O SR.
REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, eu recebo a delegação do Partido
Progressista para, em seu nome, me manifestar e dizer da nossa satisfação em
recebê-lo aqui na Casa. A nossa Tribuna Popular, que é uma tribuna altamente
democrática, que não discrimina politicamente nem ideologicamente, é o local
adequado para fazer manifestações do cunho que o senhor produziu nesta tarde
aqui conosco. Eu, como antigo morador do Bom Fim, sei que o Clube da Cultura,
mais do que um centro cultural, está inserido no nosso bairro como um centro
sociocultural, onde grandes manifestações ocorrem não só na área da música como
também na área do teatro, na área da literatura, fazendo com que todo esse
período de existência do Clube seja, realmente, uma tradição dentro do Bairro e
dentro da cidade de Porto Alegre. Leve aos seus companheiros de Diretoria os
nossos cumprimentos e a certeza de que os obstáculos haverão de ser vencidos,
de que o idealismo dos senhores, na condução da entidade, haverá de predominar,
afinal. Recebam meus cumprimentos.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Dr. Raul está com a palavra, nos termos do
art. 206 do Regimento.
O SR. DR.
RAUL: Presidente Nelcir Tessaro, é com muita satisfação que eu venho aqui, em
nome da Bancada do PMDB, cumprimentar o Sr. Hans Baumann, que tem uma vida toda
dedicada à cultura, com certeza. O nosso Clube de Cultura relembra a minha
infância, porque eu sou Raul Torelly Fraga; diziam que eu era o tataraneto do
Aparício Torelly, do jornal A Manha,
no Rio de Janeiro - isso tem uma história longa. Queria fazer uma referência à
família Torelly, porque esteve sempre muito ativa na parte cultural aqui da
Cidade. Então, deixo o apoio da nossa Bancada à luta. Estamos todos juntos por
uma cultura cada vez melhor e, com certeza, por um Clube de Cultura cada vez
melhor.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): A Verª Fernanda Melchionna está com a palavra, nos
termos do art. 206 do Regimento, pela oposição.
A SRA.
FERNANDA MELCHIONNA: Sr. Baumann, Presidente do nosso saudoso,
respeitado e muito importante Clube de Cultura; eu venho, muito rapidamente,
parabenizar o seu trabalho e dizer da marca que é, para a história, para a
memória, para a luta progressiva cultural que houve no nosso País, o Clube de
Cultura na cidade de Porto Alegre. Como o senhor bem falou no relato - muitos
episódios eu ainda não conhecia -, o Clube é um espaço marcado pela colocação da
cultura na luta do momento vigente, seja a luta contra a ditadura, a luta pela
descentralização da cultura, a luta por uma arte progressiva, como foram na
década de 50 os debates que se promovem sobre a questão das literaturas, das
artes plásticas, do teatro atual, como, também, as questões da atualidade, da
história geopolítica.
Portanto, quero parabenizar toda a equipe que
milita, que trabalha, que pensa e que executa as políticas e os debates do
Clube de Cultura. Nós, nesta Casa, Sr. Presidente, temos que ter o compromisso
de garantir - assim como foi garantido às gerações que puderam usufruir desse
verdadeiro patrimônio cultural da cidade de Porto Alegre nesses 60 anos - a
continuidade desse Clube, que a gente lute para auxiliar financeiramente, para
buscar espaço, para ajudar o Clube de Cultura, para que as próximas seis
gerações que virão possam usufruir também desse espaço, que, sabemos, depende
de contribuição, depende da valorização e do suor dos senhores e das senhoras
que constroem essa política. Então, tenham, na Bancada de oposição desta Casa,
aliados. Tenho certeza de que, na Presidência e nas outras Bancadas, poderemos
atuar conjuntamente em defesa do Clube da Cultura. Obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. DJ Cassiá está com a palavra, nos termos do
art. 206 do Regimento.
O SR. DJ
CASSIÁ: Sr. Presidente, Sr. Hans, eu quero lhe dar as boas-vindas em nome da
Bancada do PTB - Ver. Nilo Santos, nosso Líder da Bancada; Ver. Maurício, Ver.
Brasinha e o nosso Presidente Nelcir Tessaro. Quero aqui, rapidamente, dizer da
importância da cultura na vida do ser humano. Infelizmente, poucos discutem a
cultura, aquela que salva, e poucos Governos investem nela. Hoje, para defender
a cultura no País em que nós vivemos, tem que ser muito guerreiro. Graças a
Deus, fui abençoado pela cultura popular e estou aqui hoje, representando a
sociedade de Porto Alegre. A pena de morte existe no Brasil: está na falta de
investimento na Cultura. Hoje estamos perdendo uma batalha, infelizmente, que é
a epidemia do crack, porque falta
investimento numa educação de qualidade e na área da Cultura. Em nome da minha
Bancada, em nome da sociedade de Porto Alegre, eu quero lhe dar os parabéns;
conte com a nossa Bancada.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Em nome desta Presidência e em nome dos 36
Vereadores, quero cumprimentá-lo, Sr. Hans Baumann, e dizer da alegria de
estarmos o recebendo hoje. Com toda a certeza, todos os Vereadores desta Casa,
atentamente, ouviram as suas palavras e as suas reivindicações. Hoje, se temos
60 anos do Clube da Cultura, desejamos-lhe mais 60 anos; que tenha vida longa
para transformarmos num hábito e no símbolo de Porto Alegre esse Clube, que
tanto faz a alegria de todos. Certamente, a homenagem que será prestada
futuramente aqui nesta Casa vai mostrar para todas as comunidades a grande
importância do Clube de Cultura. Muito obrigado. Parabéns!
Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.
(Suspendem-se os trabalhos às 14h49min.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro – às 14h50min): Estão reabertos os trabalhos.
O SR. ALDACIR
JOSÉ OLIBONI (Requerimento): Sr. Presidente, solicito um minuto de silêncio pelo
falecimento, ontem, do Irmão Marista Jaime Biazus, que está sendo velado no
Capela da Casa São José, no Complexo Marista Graças, em Viamão.
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Este Requerimento já foi feito ontem, mas faremos
um minuto de silêncio novamente, conforme requerido pelo Ver. Aldacir José
Oliboni.
(Faz-se um minuto de silêncio.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Passamos às
COMUNICAÇÕES
Quero registrar a presença do Ver. Carlos Rezende,
de Júlio de Castilhos, do PMDB; e do Ver. Vagner dos Reis, de Viamão, do PP.
Sejam bem-vindos a esta Casa, Vereadores.
O tema específico desta tarde é a Campanha de
Erradicação do Trabalho Infantil. Estamos com a presença do Sr. Heron de
Oliveira, Superintendente da Delegacia Regional do Trabalho, e da Drª Dulce
Martini Torzecki, Procuradora do Ministério Público do Trabalho.
A Drª Dulce Torzecki está com a palavra.
A SRA. DULCE
MARTINI TORZECKI: Boa-tarde a todos os presentes. Em primeiro lugar,
saudamos o Presidente e o meu companheiro de Mesa, o Superintendente Regional
do Trabalho, agradecendo também o convite da Casa para que o Ministério Público
do Trabalho estivesse presente aqui hoje para tratar desse tema ainda de grande
relevância na nossa sociedade, que é a questão do trabalho infantil.
Por que o Ministério Público do Trabalho está
presente aqui hoje? Porque somos uma instituição definida pela Constituição
como defensora da ordem jurídica, e criança e adolescente, pela mesma
Constituição, têm garantido o princípio da proteção integral. Por que proteção
integral à criança e ao adolescente, diferentemente do adulto? Porque eles são
pessoas em desenvolvimento, e isso está definido também no Estatuto da Criança
e do Adolescente - essa é a diferença que temos. Não podemos esperar, então,
que uma criança tenha, por exemplo, o mesmo poder de defesa que um adulto; são
pessoas em desenvolvimento e precisam ser respeitadas por isso.
Outro aspecto que também envolve muito o Ministério
Público nessa área é que a Constituição garante prioridade absoluta quando se
trata de criança e de adolescente. Essa prioridade absoluta diz respeito a
vários aspectos, e um dos que eu gostaria de ressaltar aqui, por estar na Casa
do Legislativo, é a questão de prioridade das políticas públicas sociais.
Então, quando nós pensamos que na nossa Cidade, Porto Alegre, infelizmente
ainda encontramos crianças e adolescentes trabalhando, deveríamos nos voltar à
questão de como está definido, por exemplo, o nosso orçamento municipal. O que
ainda precisa ser investido, já que nós, por lei, devemos prestar essa
prioridade absoluta para as crianças e para os adolescentes?
Então, queria deixar bem reforçados esses dois
princípios constitucionais que, na realidade, orientam todo o Estatuto da
Criança e do Adolescente. Às vezes escutamos que o Estatuto é uma lei
excessivamente protetiva, mas não é bem assim. Se formos conhecer um pouco da
história de crianças e adolescentes, tanto no mundo como no Brasil, veremos que
houve um grande período de opressão mesmo, principalmente, é claro, em relação
às crianças pobres. O Estatuto é fruto da pressão social que se criou em todo o
período da elaboração da Constituição de 1988, é também decorrente da edição da
Declaração dos Direitos da Criança, em 1989, que apenas trouxe um estudo do que
é necessário para a criança e para o adolescente, desde o direito à convivência
familiar, para que ela cresça em meio saudável e tenha o direito de ser um
adulto saudável. Reforço que acredito não se sustentar esse argumento de que
protegemos, quando, na realidade, recentemente saíram dados estatísticos, com
milhões de denúncias, de que há ainda, no Brasil, desrespeito ao ECA. Eu acho
que ainda não compreendemos bem, principalmente essa questão do ato
infracional, e aí o ECA é visto com um grande vilão, mas acho que o problema
não está na lei e no adolescente. Queria fazer essa reflexão quando pensamos em
ato infracional, uma reflexão sobre a nossa sociedade. Eu acho que a lei apenas
garante um mínimo necessário, como eu já coloquei, e as outras questões
precisam ser vistas de um modo mais amplo, é necessário se pensar em outros
aspectos.
Eu ressalto em relação a essa questão do trabalho
infantil que nós já temos, há muitos anos, uma parceria com a Superintendência
Regional do Trabalho, porque o tema exige uma ação multissetorial. O Ministério
Público do Trabalho, a Superintendência, ou qualquer outro órgão, isoladamente,
não consegue avançar muito. E falo sobre isso porque ontem houve uma discussão
nesta Casa sobre a questão do trabalho infantil e os carroceiros, e esse é um
típico exemplo de que, se a gente não conseguir envolver assistência social, os
conselhos tutelares e os órgãos que compõem esse sistema de garantia de
direitos, nós não conseguiremos avançar muito na questão do trabalho infantil.
Eu reforço aqui, como integrante da Mesa, essa parceria que já temos com o
Ministério do Trabalho e Emprego, acho que com a Câmara também precisamos
reforçar esses laços institucionais, porque precisamos de avanços
significativos nessa questão e ver se conseguimos trazer uma solução mais
específica para ela.
Já encerrando, Presidente, aos que defendem que é
possível o trabalho, eu quero destacar que, se a gente coloca, hoje, uma
criança no trabalho, ela estará sujeita a todos os riscos pelo exercício de uma
atividade, como, por exemplo, o trabalho doméstico ou o trabalho no campo;
possivelmente, essa criança não conseguirá se desenvolver como um adulto. Que
tipo de adulto nós queremos? Que tipo de formação a gente está dando, do ponto
de vista físico e, acima de tudo, psíquico, ao exigir de uma criança uma
responsabilidade para a qual ela não tem condições de assumir? Nesse tema, para
encerrar, eu acho que sempre está envolvida, quando falamos em criança e
adolescente, a questão da afetividade. Aqui em Porto Alegre, na semana passada,
tivemos a visita de um filósofo francês que falou que é o amor que pode melhor
o mundo e ajudar a resolver os nossos problemas. Então, encerro a minha fala
colocando que, nesse aspecto da criança e do adolescente, temos que avançar mas
sem deixar de lado o aspecto afetivo também, porque, afinal, são pessoas que
ainda estão em desenvolvimento e merecem, por isso mesmo, toda a nossa atenção.
Muito obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Sr. Heron de Oliveira está com a palavra.
O SR. HERON DE
OLIVEIRA: A minha saudação, Ver. Bernardino Vendruscolo, meus cumprimentos e minha
gratidão, por poder, mais uma vez, fazer-me acompanhar do Ministério Público do
Trabalho, hoje na pessoa da Drª Dulce. É sempre uma honra. A nossa convivência,
para quem não sabe, é quase que diária. Temos sempre uma atuação de
complementaridade na relação de uma instituição com a outra. Gostaria de
agradecer pela maneira generosa com que fomos, desde o primeiro momento,
recebidos aqui pelo Presidente desta Casa, Ver. Nelcir Tessaro, que tão
prontamente, conhecendo o nosso propósito, se dispôs a se integrar a ele, fato
que tem culminância no dia de hoje. Quero aqui saudar os Srs. Vereadores, as Sras
Vereadoras, os companheiros de Partido, aí está o meu querido amigo e irmão
Ver. João Bosco Vaz, o Ver. Mauro Zacher, muito obrigado pelo abraço, pelo
carinho, pela receptividade. Saúdo outro amigo de longa data, meu colega
radialista, pessoa pela qual nutro um sentimento de profundo afeto: Ver. Cassiá
Carpes. Sras Vereadoras, brilhantes Vereadoras, maravilhosas...
(Aparte
antirregimental da Verª Maristela Maffei.)
O SR. HERON DE
OLIVEIRA: Progresso, minha Vereadora, está certo. Aqui estamos nós, do Vale do
Taquari.
Quero fazer uma saudação carinhosa ao Ver. João
Antonio Dib, que é, dentre todos, uma das figuras de existência política mais
longeva dentro do Parlamento, das Câmaras de Vereadores do nosso Estado, o que,
seguramente, o constitui numa das referências, dada à sua dignidade, à forma
ética com que tem agido; em que pese muitas vezes tenhamos divergências no campo
das ideias, temos que aqui escancarar nosso respeito, nosso apreço e nossa
consideração, Vereador.
Nós estamos no dia a dia ocupados com uma série de
temas, mas creio que nenhum deles de uma relevância tão fundamental quanto o
que ora nos traz a esta Casa. Antes de tocar no tema propriamente dito, eu
gostaria de dizer do momento de efervescência que, neste momento, acomete nosso
País, por conta da geração de empregos que está em alta. Eu me permito fazer
aqui um breve resgate, um sobrevoo sobre os últimos anos, estabelecendo assim a
condição de podermos avaliar de maneira mais presencial o que acontece neste
momento.
No ano de 2005, o Rio Grande do Sul gerou 26 mil
novos postos de trabalho; no ano de 2006, geramos 52 mil novos postos de
trabalho; em 2007, 94 mil novos postos de trabalho. Em 2008, veio a crise, e
tivemos até agosto, quando a crise ainda não estava presente, oportunidade de
gerar 116 mil novos postos de trabalho. Mas a crise se expressou, e, a partir
daí, os empregos caíram, e nós fechamos aquele ano com 90 mil novos postos de
trabalho. Faço questão de colocar esses dados, porque, ainda em 2009, em plena
existência da crise - quando até o mês de maio nós apenas perdíamos postos de
trabalho -, a partir de agosto, Ver. João Antonio Dib, nós começamos a
experimentar uma retomada e fechamos aquele ano com 64 mil novos postos de
trabalho. Significa que, ao longo do tempo, nós viemos praticando uma série de
acertos na condução econômica do nosso País, porque não fomos tão impactados
quanto alguns países.
Aliás, mais recentemente, a crise estende seus
tentáculos e causa inquietude no mundo inteiro por conta do que passou a
acontecer na Grécia e se estendeu por toda a Europa. Mas o Brasil, por ter
criado um mercado interno - é fundamental que se tenha destinado um olhar e se
trabalhado com afinco e determinação neste sentido -, criou, de certa forma, um
instrumento que nos imunizou de uma face mais agressiva desta crise. O mercado
interno criado significa que - pode-se hoje afirmar - a população cuja faixa
salarial se situa entre zero e três salários mínimos responde por 71% do
consumo. Estou dizendo que as pessoas cuja renda salarial... Neste momento
refiro-me inclusive aos que estão ao amparo do Bolsa Família, que é um
instrumento muitas vezes incompreendido por muitos, mas o Bolsa Família tem
inclusive uma contribuição importante nos dados que ora ofereço. Ainda que não
sejam de vulto, são esses os salários que dão sustentação, suporte e que
garantem o funcionamento da indústria, consequentemente dão alento e estímulo
para que o comércio continue a vender, Vereador, e continue principalmente a
criar as condições para que os setores públicos possam fazer os investimentos
fundamentais e imprescindíveis para o desenvolvimento social, econômico, em todas
as áreas, enfim.
Gostaria de dizer que o momento é efervescente, é
importante, é de otimismo. No ano passado, em 2009, no primeiro quadrimestre,
este Estado gerou 11.572 novos postos de trabalho e, neste ano, 2010, gerou
87.849. Isso é alvissareiro, mas, de alguma forma, também traz inquietude. Traz
inquietude para a própria Superintendência do Ministério do Trabalho quando,
por exemplo, aumenta a demanda por Carteira de Trabalho: nós produzimos, nesses
primeiros quatro meses do ano, mais Carteiras do que produzimos durante todo o
período de um ano nos anos anteriores. Traz-nos preocupação porque, na medida
em que a demanda por emprego aumenta, nós também nos tornamos, de alguma forma,
desafiados, porque mais gente ser chamada para o mercado de trabalho significa
aumento de risco de acidentes no ambiente de trabalho. Temos, em média,
registrados aqui no Estado, cerca de três mil acidentes de trabalho. A
Previdência passou a registrar também aqueles não registrados pelas empresas:
estima-se que cheguem a 66 mil os acidentes de trabalhos todos os anos no
Estado. Desses resultam 500 pessoas incapacitadas não apenas para aquele
trabalho, mas para qualquer outra forma de trabalho.
A fiscalização do Ministério do Trabalho, sempre
acompanhada pelo Ministério Público do Trabalho, tem constituído avanços
importantes, e nós nos orgulhamos muito de sermos, destacadamente, o Estado
onde se conquistaram avanços os mais importantes do ponto de vista da redução
de acidentes, em que pese ainda aconteçam em grande número. Mas somos o segundo
Estado, perdendo apenas para o Estado do Rio de Janeiro, em número de acidentes
registrados, apesar de termos ainda um número de óbitos significativo, que
também se reduz do comparativo com os anos da década de 90, quando naquela
quadra nós tínhamos em média 172 óbitos por ano. Em média, acontecem por ano
141 óbitos aqui no Estado. É um dado ainda estarrecedor, mas que resulta em
muito pela baixa autoestima, que durante muito tempo, lamentavelmente, permeou
a visão dos administradores públicos deste Estado e deste País, eles pouco
investiram na capacitação dos nossos jovens, preparando-os para o mercado de
trabalho. E, quando digo prepará-los para o mercado de trabalho, não me refiro
exclusivamente à ideia de qualificá-los para o exercício da atividade na
relação com uma máquina, mas principalmente qualificá-los para o trabalho na
relação, despertando-lhes o senso de responsabilidade que necessariamente deve
haver na relação consigo mesmo, na elevação da sua autoestima, no senso de
responsabilidade que deve ter em se manter vivo, infenso a acidentes e a
acometimentos por doença de trabalho, salvaguardando, assim, a possibilidade de
continuar sendo, ainda como é, o grande provedor da existência da família.
Temos realizado, para desalojar esse problema,
inúmeros esforços, audiências públicas. Ontem mesmo fizemos uma em Capão da
Canoa, onde paramos a construção civil daquele Município. Quem frequenta Capão
da Canoa sabe que durante algum tempo ele foi um Município onde aconteciam
muitos acidentes de trabalho, mas, de um ano para cá, não temos tido nenhum
óbito, exatamente porque temos feito um trabalho com muita contundência, com
muita presença. É um trabalho que procura integrar empregadores, empregados e o
Estado, através do Ministério Público.
E temos várias situações com as quais tratamos.
Quero dizer a vocês que, apesar de podermos, com muito orgulho, referir o fato
de que somos os mais politizados, ainda somos, na verdade, muito precários
quando o tema é relação de trabalho. Ainda encontramos - Ver. Pedro Ruas, a
quem eu já deveria ter saudado, meu amigo de outros tempos; meu querido Valdir
Fraga, a quem deveria ter referenciado, porque foi meu colega Deputado, uma
figura de grande estima, obrigado pela sua presença e pela sua atenção - no nosso
Estado, lamentavelmente, focos de trabalho escravo, Ver. DJ Cassiá. Nós
libertamos por ano em torno de cem trabalhadores, que muitas vezes são
aliciados e trazidos de outros Estados na calada da noite, jogados lá no fundo
da invernada, em regime de semiescravidão, encontramos trabalhadores com
bicheiras - literalmente, bicheiras - no corpo. Encontramos, por exemplo, um
foco de trabalho escravo onde havia 47 trabalhadores que se alimentavam da
ração que era servida para o cavalo que tracionava as toras que caíam na
ribanceira. E, claro, quando encontramos isso, acompanhado do Ministério
Público do Trabalho, tratamos de levá-los ao melhor hotel da Cidade - a partir
daí a despesa corre por conta do aliciador -, e, retroativamente, esse
aliciador tem de bancar todas as despesas correspondentes ao período em que
esse trabalhador ali se achava.
Por último, gostaria de poder aprofundar o tema,
para isso me disponho a vir aqui em outro dia para debatermos as questões
atinentes ao trabalho. Eu digo a vocês que estou há dois anos e meio na
Superintendência do Ministério do Trabalho. Por ser uma pessoa amante da
leitura - exercício, aliás, imprescindível para quem quer concretizar qualquer
tarefa, eu sou uma pessoa que adormeço entre os livros... Tenho dedicado tempo
especial, e comentava com a Drª Dulce, neste período em que estou à testa da
Superintendência, para compreender o funcionamento da Superintendência, a qual,
lamentavelmente, encontrei ainda bastante precarizada, em que pese meus
antecessores tenham feito um esforço sobre-humano para melhor aparelhá-la.
Coloco-me à disposição para vir aqui em outra oportunidade e debater, porque,
modéstia à parte, apesar de recente, eu tenho bastante conhecimento para
contribuir com esta Casa, e, certamente, em contrapartida, Ver. Dib, esta Casa
tem elementos, fundamentos importantes para nos apresentar, para nos desafiar,
e críticas procedentes, certamente, a nos desfechar. E saberemos como
acolhê-las, entendê-las como justas, pertinentes e altruístas no seu propósito.
Estamos agora conclamando todos os Vereadores para
que lancemos um olhar de atenção para esse tema. Naturalmente, todos os
Vereadores desta Casa têm pelo menos uma parte do seu tempo de vida destinada a
enriquecer esse curriculum com um
olhar de generosidade; no mínimo, de complacência; no mínimo, de piedade - e
não seria exatamente a palavra a ser aplicada para o que estamos nos dispondo a
realizar -, quando se olha para a questão das nossas crianças, quando se olha,
especialmente, para as crianças que, em idade muito recente, crianças muito
jovens, muito precocemente, são levadas ao trabalho como força complementar ao
orçamento familiar. Tivemos avanços importantes, desalojamos essa chaga muito
fortemente do meio urbano, mas ela ainda é muito persistente no meio rural.
No meio rural, por exemplo, na lavoura de fumo,
crianças são alimentadas com os frutos, com as hortaliças de uma horta que é
contígua à lavoura de fumo. Uma lavoura de fumo que, para aumentar a sua
produtividade, não pode prescindir do uso de agrotóxicos. Essa criança, desde
tenra idade, é alimentada por uma mãe que se reveza entre os afetos em favor do
filho e a atividade que exerce na lavoura ao lado do marido. E ela vem da
lavoura com as roupas impregnadas de agrotóxico e amamenta essa criança. Está
cientificamente comprovado que uma criança criada nessas condições - ali, ao
alcance desse veneno, que serve para tratar o fumo - tem muito precarizada a
sua capacidade cognitiva. É até uma grande contradição que dediquemos tanto
afeto, tanto carinho, que nós todos os dias saiamos de casa para trabalhar,
fazendo do trabalho uma das nossas mais importantes formas de expressar o nosso
sentimento de carinho, de apreço e zelo pelos nossos familiares, de maneira
especial pelos nossos filhos; é até contraditório que nós troquemos as roupas
dos nossos filhos, preparemos a mamadeira dos nossos filhos, beijemos os nossos
filhos... Quando nos referimos a filho, sempre o fazemos no plural, porque
pretendemos que essa expressão transponha os restritos limites da nossa casa,
porque nossos filhos não são apenas os que nasceram do ventre das nossas
esposas, não são apenas os alvos mais imediatos dos nossos afetos; os nossos
filhos são aqueles com quem nossos filhos compartilham espaços na vida
cotidiana! E, quando não cuidamos, quando permitimos que uma criança se
precarize para o resto da vida, obrigando-a a trabalhar, às vezes por abandono,
às vezes por maldade e muitas vezes por desinformação, porque muitos de nós
aqui, os mais antigos, trabalharam desde cedo... Eu, por exemplo, desde
pequeno, levava para o meu pai lá na roça a vianda para ele comer. Meu pai me
ensinou a lavrar de arado, a botar boi na canga! O meu pai me ensinou todas
essas tarefas, ele o fazia por compreender que estava me ajudando. Então, não há
maldade nesse caso, mas há uma desinformação cujo desdobramento futuro é
lamentável.
Então, nós estamos realizando, desde esta semana,
eventos preliminares que culminarão com eventos que se estenderão por todos os
rincões do nosso Estado, mas tendo como cenário principal todas as estações do
Trensurb, será uma série de eventos. Queremos convidar os Vereadores: eles não
apenas estarão ilustrando, servirão também como forma de chamamento para que a
imprensa e a opinião pública possam perceber nesse tema um tema prioritário
para ser tratado no Parlamento e em quaisquer outras instâncias de poder. Este
evento vai se realizar entre os dias 07 e 11. A Organização Internacional do
Trabalho elegeu um cartão, juntamente com a FIFA - porque nós estamos às portas
da Copa do Mundo, eu não trouxe o cartão aqui, lamentavelmente, nem eu, nem a
Drª Dulce: o Cartão Vermelho ao Trabalho Infantil, a campanha tem como slogan
“Quem ama protege!”. Eu gostaria muito de renovar o apelo a todos os Srs.
Vereadores. Sei que, nesta Casa, há Vereadores que dão a este tema a devida
prioridade de tratamento, sim. Há Vereadores que têm, como justificativa para o
seu mandato, um anteparo importante: esse tema.
Eu agradeço muito a oportunidade que me concederam
aqui, Vereador. Desculpem-me se fui prolixo; eu sou do rádio, isso,
lamentavelmente, me dá essa condição. Muito obrigado a vocês pela atenção. É
bom ser ouvido com atenção, sinto-me honrado em ter podido desfrutar da atenção
dos Srs. Vereadores. Já fui Deputado por duas vezes, e muitas vezes nos acusam
de mal-educados, porque, enquanto as pessoas falam, muitas vezes fazendo as
suas apresentações, nós ficamos fazendo as nossas articulações. Quem nunca foi
Vereador, quem nunca foi Deputado condena essa prática, que é legítima, real e
necessária. Muitas vezes, uma conversa paralela tem muito mais significado para
a vida da sociedade do que propriamente uma fala vazia trazida por alguém que
talvez não tenha a devida competência, como eu, para abordar um tema de tamanha
relevância. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O seu entusiasmo e a sua experiência parlamentar de
radialista justificam a tolerância.
Tivemos aqui o Dr. Heron de Oliveira,
Superintendente do Ministério do Trabalho; anteriormente a ele, a Drª Dulce
Martini Torzecki, Procuradora do Ministério Público do Trabalho. O tema de hoje
é erradicação do trabalho infantil.
O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra em
Comunicações.
O SR. CARLOS
TODESCHINI: Sr. Presidente, Ver. Bernardino Vendruscolo; Drª Dulce Martini Torzecki,
Procuradora do Ministério Público do Trabalho; Dr. Heron de Oliveira,
Superintendente da Delegacia Regional do Trabalho; funcionários que aqui
acompanham, também; Delegacia Regional do Trabalho, Pedro Jacobi, Glênio,
público que nos assiste, aqueles que nos escutam pela Rádio Web, recebam o
nosso boa-tarde.
Sem dúvida, este momento deve ser saudado, Srs.
Vereadores, Sras Vereadoras, porque nós vivemos um momento singular
neste País, meu caro Superintendente, nós, que ouvimos durante trinta anos que
a dívida externa não era paga, que só víamos indicadores negativos. Eu estive
no Japão em 2003, e numa casa de câmbio havia um cartaz dizendo: “Não aceitamos
moedas da China, Índia, México, Indonésia e Brasil”. Víamos os nossos
indicadores sociais numa decadência constante e numa desesperança geral. E,
agora, estamos no sentindo totalmente no oposto dessa direção: não só a dívida
externa foi paga, mas também o Brasil já está integrando o FMI para socorrer outras
nações; nós temos políticas sociais potentes e inclusoras - são trinta milhões
de pessoas que ascenderam à classe média - e, fundamentalmente, houve a
retomada do desenvolvimento. Eu considero que esses 71% das classes C, D e E
são os responsáveis e os construtores deste novo País. São eles que fizeram a
inclusão e a permanência do Brasil numa marcha autônoma, numa marcha capaz de
fazer frente à crise que se apresentou.
Diante disso, nós temos que ter preocupações, sim.
O senhor apresenta aqui números fantásticos, como, por exemplo, a inclusão no
trabalho formal, dados de 2005 a 2010. Pelos dados de 2010, se eu não estou
enganado, passamos de onze mil empregos formais para praticamente noventa mil -
subiu oito vezes em relação a outros períodos. Isso é um pulsar, um momento
singular. E a gente sente nas ruas: aonde a gente vai, sente que há um
entusiasmo, há um ânimo, há uma esperança, há um sentimento frenético de
desenvolvimento e oportunidade. Mas, ao mesmo tempo, temos que ter as
preocupações justas e necessárias para com o nosso futuro. O País só será
vencedor se puder realizar desenvolvimento tecnológico, se tiver conhecimento.
Para isso, precisamos ter uma preocupação toda especial com a nossa juventude,
com os nossos adolescentes.
Por isso que lugar de jovem, lugar de adolescente é
na escola, com a proteção da família. Isso me preocupa um pouco mais, porque
nós, infelizmente, pelo jogo de mercado, da grande mídia, temos as crianças
induzidas a práticas muito precoces, a atos que não são de crianças, como, por
exemplo, a indução precoce à sexualidade. Precisamos reverter essa situação e
fazer com que as crianças tenham oportunidade de uma escola cada vez mais
inclusora, cada vez mais potente. Por quê? Porque até os 14 anos o trabalho das
crianças deve ser a escola, o aprendizado, a formação e o recebimento de
carinho; dos 14 aos 16 anos, pode haver as práticas da aprendizagem, e só aí há
a possibilidade de inclusão no mercado de trabalho. Eu creio que esse é um
grande desafio, algo que nos preocupa na medida em que ainda temos - pela
informação que me foi dada pela assessoria -, no Rio Grande do Sul, com todo o
combate, com toda a evolução, 126 mil crianças em trabalho infantil. É algo que
precisamos superar, para o bem do Brasil e para um futuro Rio Grande melhor. Um
abraço! Parabéns pelo trabalho dos senhores. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): A Verª Maria Celeste está com a palavra em
Comunicações.
A SRA. MARIA
CELESTE: Sr. Presidente, é uma alegria muito grande ter entre nós a Srª Dulce
Martini, representante do Ministério Público do Trabalho, e também receber o
Sr. Heron de Oliveira, Superintendente da DRT; é uma satisfação muito grande,
especialmente neste mês de maio, em que demarcamos, em todo o Brasil, a luta, o
combate, o enfrentamento à exploração sexual de crianças e adolescentes e
também a luta, o enfrentamento, o combate ao trabalho infantil. Tive a grata
satisfação de já participar diversas vezes, lá na DRT, dos eventos que
protagonizam a campanha nacional do combate e enfrentamento ao trabalho
infantil.
Os dados e os números que os senhores nos
apresentam de certa forma nos trazem também o alento de que estamos no rumo
certo, quando se percebe, através da pesquisa nacional de amostragem, que caiu
em 20% o número de crianças e adolescentes envolvidos no trabalho infantil no
Brasil, Ver. Pedro Ruas; significa que a ação do Governo Federal,
especialmente, e de todas as entidades envolvidas nesse combate e nesse
enfrentamento tem dado resultado no último período, no nosso Brasil.
Mais do que isso, nós temos que apontar e relatar
que a fala do Sr. Heron está completamente acertada quando diz que no campo
temos o maior número de crianças e adolescentes envolvidos no trabalho
infantil, especialmente aqui no Rio Grande do Sul, mas também na Zona Urbana
ainda temos números que nos preocupam. Se verificarmos a pesquisa, Heron, 52%
dos adolescentes de cinco a quinze anos de idade estão na Zona Urbana no
trabalho informal.
Quando o Governo Federal dá incentivos para que,
efetivamente, tenhamos trabalhadores adultos no trabalho formal, está
combatendo também o trabalho infantil, e, do meu ponto de vista, essa
perspectiva está acertada. Mas é necessário ampliarmos os horizontes a partir
de ações e iniciativas como as que o Ministério de Desenvolvimento Social, de
promoção da infância e da adolescência, sob o comando da Ministra Márcia Lopes,
tem produzido no combate e no enfrentamento dessa temática também sob outros
aspectos, não só com campanhas, mas especialmente no que tange ao
enfrentamento, ao acesso e à ampliação dos programas para essa faixa etária,
especialmente na área da Educação, na área do combate à fome e à miséria.
Portanto, temos que ampliar os horizontes e buscar,
junto a outras políticas públicas, parceiros para efetivamente reduzirmos os
números. E isso tem sido feito. Estabelecemos no Brasil um plano nacional no
qual se produziu um documento com o seguinte tema maior: “Reunindo Forças
contra o Trabalho Infantil”. Esse documento, que foi apresentado numa
conferência global, tem aspectos importantíssimos no que tange à erradicação do
trabalho infantil sob o ponto de vista da educação universalizada e do acesso,
sob o ponto de vista da proteção social integrada e o fortalecimento do mercado
de trabalho. Essas são as bases e os pilares para, efetivamente, erradicarmos o
trabalho infantil na sociedade brasileira, e a fala do Ministério Público e do
Superintendente levam a essa realidade que precisamos, conjuntamente, enfrentar
e erradicar da sociedade brasileira. Ver. João Antonio Dib, não podemos
continuar com a dura realidade de ver meninos e meninas tendo, no seu
cotidiano, a sua infância ceifada. Mas também temos dados indicando que estamos
no caminho certo - o Bolsa Família possibilita afastar do trabalho oitocentas e
vinte mil crianças no Brasil. Esses dados nos levam a dizer aquilo que a
Ministra Márcia Lopes, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, vem
colocando: (Lê) “Não há mais espaço para crianças sem cuidado e proteção, não
há mais espaço para crianças relegadas a qualquer tipo de violação de seus
direitos, privadas do tempo da infância. Criança tem o direito de ser criança”.
Parabéns pelo trabalho que os senhores vêm desenvolvendo pelo bem das nossas
crianças de Porto Alegre e do Estado do Rio Grande do Sul! Obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. Pedro Ruas está com a palavra em
Comunicações.
O SR. PEDRO
RUAS: Sr. Presidente, Ver. Bernardino Vendruscolo; Sras Vereadoras
e Srs. Vereadores; Drª Dulce, que representa o Ministério Público do Trabalho;
meu caro Heron de Oliveira, Superintendente Regional do Trabalho, amigo de
tantos anos. O registro que faço desta tribuna, em primeiro lugar, é de
reconhecimento a dois trabalhos distintos que ao longo dos anos eu pude
conhecer: um é o do Ministério Público do Trabalho. Eu comecei a advogar na
Justiça do Trabalho, Drª Dulce, com vinte e um anos, tenho cinquenta e quatro,
então são trinta e três anos na mesma área. O outro é o do Ministério do
Trabalho, meu caro Heron de Oliveira, que eu aprendi a respeitar, a conhecer. E
a melhor maneira que tenho de homenagear o trabalho tanto do Ministério Público
como do Ministério do Trabalho é colocando uma visão crítica, realista, que
possa servir de alguma maneira a esses que respondem na titularidade por órgãos
de tamanha importância.
Nosso País viveu ao longo dos anos - eu pegaria
como exemplo apenas os últimos trinta anos - uma realidade muito dura, muito
difícil. O aprofundamento das crises do nosso
sistema capitalista, o que basicamente tira a condição de privilegiados se
manterem privilegiados, e o esforço não reconhecido daqueles que não o são nos
mostrou, muitas e muitas vezes, que as boas intenções esbarram no poder real
das forças econômicas, Heron de Oliveira. Eu reconheço o trabalho que faz o
Ministério Público do Trabalho e o que faz o Ministério do Trabalho, mas temos
muito a crescer, muito a evoluir. Quando o Heron de Oliveira falava sobre um
dado importante com relação à região que produz fumo, eu lembrava que Venâncio
Aires, Heron, hoje, tem o maior índice de suicídio do planeta, superando
Estocolmo e Tóquio. Vejam, Venâncio Aires! Nos estudos feitos, atribui-se isso
exatamente ao agrotóxico utilizado na lavoura do fumo. Esse é um dado preocupante
do ponto de vista do trabalho.
Com relação ao
trabalho infantil, a erradicação de que a Verª Celeste tanto falava - ela tem
um trabalho sério nesse sentido -, Verª Melchionna, quero dizer que temos
todos, todos, a obrigação, em todos os dias, em relação às nossas crianças.
Todos nós e em todos os dias! Ver. Haroldo, falamos no trabalho e nos moldes
que relatava o Heron de Oliveira, ensinado pelo pai, em uma tradição familiar.
Se andarmos aqui pelo Centro da Cidade e passarmos pela Rua Voluntários da
Pátria, pela Rua Ernesto Alves, vamos ver o trabalho infantil na prostituição,
Heron de Oliveira, na prostituição! No Centro, há uma associação de prostitutas
e há tem relato de meninas com 10, 11, 12 anos de idade na prostituição. Não
estou falando da tradição oral, no ensinamento de pai para filho sobre a
lavoura, que já é por nós combatido, sim. Então, temos essa chaga social, há o
esforço do Ministério Público do Trabalho, há o esforço do Ministério do
Trabalho, há o esforço de todos nós, mas há muito a ser feito, a ser realizado.
E cada criança dessas, que perde a sua vida em uma atividade como essa, de
alguma maneira tem ali uma responsabilidade de cada um que já exerceu, nos
últimos anos, pelo menos um dia, uma função pública.
Todos estamos, em primeiro
lugar, agradecidos pela vinda de vocês aqui, pelo trabalho de vocês, mas
conscientes de que tanto vocês quanto nós, ou nós todos juntos, temos muito a
realizar, há muito a ser feito. Há estímulo, é verdade, para um trabalho novo,
diferenciado, no sentido diferente com qualidade; uma nova proposta, uma nova
visão, uma nova forma de focar tais problemas, é verdade, mas eles estão ali à
nossa espera. Eu espero que, no futuro, possam dizer que no nosso tempo, num
tempo de tragédia social como este, cada um de nós, à sua maneira, fez a sua
parte. Um abraço a vocês! Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Toni Proença): A Verª Sofia Cavedon está com a palavra em
Comunicações.
A SRA. SOFIA
CAVEDON: Boa-tarde a todos! Eu queria cumprimentar o Heron, Superintendente da
Delegacia Regional do Trabalho, e a Dulce. O tema aqui trazido é um tema que
indigna a todos nós, e aqui faço minhas as palavras do Ver. Pedro Ruas. Mas eu
vou tratar o tema, talvez, mais pragmaticamente, tratando da dor que sentimos
ao ver as crianças abandonadas pelo mundo adulto, porque, na verdade, nós, os
adultos, somos responsáveis por elas. E eu acho que um dos elementos... Eu
quero aqui me desculpar, porque não pude ouvi-los integralmente; ouvi uma
parte, pois estamos com um grande problema em relação às crianças da Escola
Vergara, no Humaitá; eu estava recebendo a comunidade no sentido de uma solução
para a construção da Escola, em função da Arena do Grêmio.
Quero falar dos grandes programas - sei que tratasses disso - que o Governo Federal implementou. São programas muito importantes, como o Programa Bolsa Família, como o PETI - Programa de Erradicação do Trabalho Infantil -, como os Programas da Mais Educação, do Segundo Turno - todos voltados a alternativas para a infância e para a adolescência, dando condições para que o Estado apoie as famílias na sua vulnerabilidade e possa chegar a uma solução alternativa às crianças. Sabemos que isso não é simples, que depende de ações articuladas. E trago um elemento fundamental: não adianta o Governo Federal colocar recursos, ter prioridade, fazer qualificação, ter políticas públicas, se o Gestor Municipal, que é o que trata com os munícipes, que é o que responde no cotidiano, não construir um enraizamento, um trabalho articulado, para dar continuidade e sistematicidade a essas políticas. Aqui em Porto Alegre, o próprio Secretário Kevin Krieger reconheceu: “Olha, Sofia, eu estou botando em dia a pesagem das crianças”. Nós tivemos aqui quatro anos de muita irresponsabilidade com o Bolsa Família, mal e mal, burocraticamente, informando a questão das faltas da criança na escola. Em relação ao Bolsa Família, Ver. Haroldo, há esses compromissos, inclusive, recursos para o Gestor Municipal fazer a contrapartida no trabalho com as famílias, encaminhamento da geração de renda, acompanhamento das crianças nas escolas, inclusão da criança no outro turno.
No caso do PETI, há recursos para manter as
crianças no outro turno da escola, no contraturno, para elas estarem num SASE,
estarem num trabalho educativo, estarem integrada a uma política pública. E
isso não acontecia em Porto Alegre! Hoje, o Kevin Krieger, o Secretário, vem
tentando discutir com as entidades para combinar isto: que a criança que voltou
para a escola pelo PETI participe, no outro turno, de uma atividade oferecida
pela entidade comunitária, que recebe recursos por outro convênio. Isso é um
esforço enorme, porque o funcionamento do setor público é muito fragmentado!
Quer dizer, as crianças que estão na rua é que têm de sair do abrigo, elas é
que têm de ir aproveitar lá uma oficina - elas! Os nossos filhos ficam dormindo
em casa se não organizarmos ou se não ajudarmos a organizar, imagine, Ver. Dib,
a situação de desamparo, de drogadição, de rua! Não há condições! Cada criança
tem de ter o seu responsável, o seu padrinho, as ações têm de ser articuladas.
As ações da Saúde eram um desastre! Um desastre!
Nós temos, agora, um Secretário começando a dialogar, e, se não há ações de
Saúde, não tem como enfrentar a situação das crianças em vulnerabilidade. A
Saúde se negava a sentar nos fóruns de discussão de implementação das políticas
públicas federais aqui em Porto Alegre. Então, o que quero dizer que essa é a
questão central, há muito programa novo importante, direcionado para esses
grupos de situação de violência. Agora, o Município tem de se organizar. O
Município tem de fazer as políticas conversarem, tem de ter responsabilidade e
potencializar esses recursos.
Queria parabenizá-los por trazerem o tema, pela
vigilância que fazem e dizer que a nossa parte, a parte do Município está
furando e muito, nós temos que tensionar para que mude, porque as nossas crianças continuam perdendo as suas vidas e a alegria
da infância.
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): A Verª
Fernanda Melchionna está com a palavra em Comunicações.
A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Sr. Presidente
em exercício, Ver. Toni Proença, agradeço a inscrição. Dr. Heron, Drª Dulce, eu
me senti instigada a me inscrever, primeiro, para reconhecer o trabalho do
Ministério Público do Trabalho. Há várias equipes do Ministério Público do
Trabalho que efetuam trabalhos muito importantes; um deles é a luta pela
erradicação do trabalho infantil e contra a exploração sexual das crianças.
Houve uma campanha maravilhosa no ano passado mais especificamente na área em
que atuei e atuo bastante, que é a defesa do estágio como uma forma de
aprendizagem para os jovens, para os adolescentes, e não uma substituição de
mão de obra, como em muitos casos acontece. Felizmente, a legislação está
avançando em relação à caracterização dos estágios, mas nós vemos e vimos, eu e
a Drª Dulce, num debate, a dificuldade de compreensão na realidade das escolas,
na falta de orientação, de coordenação pedagógica. Por isso, Ver. João Antonio
Dib, que agora é Líder do Governo, nós queremos aprovar o Projeto que
regulamenta essa questão aqui no Município de Porto Alegre em relação ao
sorteio e também como uma oportunidade, porque o Projeto prevê a destinação de
30% das vagas aos jovens de mais baixa renda, que são os que entram no nosso
debate sobre a erradicação do trabalho infantil.
O último dado que
ouvi eu gostaria de confirmar. Diz-se que havia uma estimativa de 300 mil
crianças no Estado inteiro... (Pausa.) São 126 mil crianças, corrige-me o Dr.
Heron, de cinco a quinze anos que estão nessas condições, seja pela lógica
familiar, seja pelo uso que o grande poderio econômico faz do trabalho
infantil, que é uma mão de obra barata. Eu diria que é uma mão de obra entre
aspas, porque estão tolhendo sonhos da nossa infância, mas infelizmente esse
poderio utiliza as nossas crianças para continuar crescendo. Trago um relato de
quando eu trabalhava em Gravataí - Ver. Pedro Ruas, nosso Líder da oposição -,
em que assisti a dois fatos lamentáveis. O primeiro foi que se investigou e se
descobriu uma quadrilha de pessoas que faziam tráfico sexual de crianças, as
quais eram compradas das famílias de mais baixa renda. Eles as vendiam para
crimes sexuais; crianças, meninas de nove, dez, onze anos. Foi uma quadrilha
que, felizmente, foi presa, mas quantas mais existem por aí? E o segundo fato é
de um menino que largou a oitava série para trabalhar de carroceiro, treze
horas por dia, durante sete dias por semana, para poder ajudar o pai e a mãe a
comprar o arroz e o feijão para sua casa.
Temos que discutir a importância das políticas
públicas de inclusão, a importância que tem a escola num Município onde a
evasão escolar do Ensino Fundamental - eu vi na última pesquisa da Secretaria
Municipal da Juventude - chega a 30%, pelo fato de os jovens não terem mais
condições de seguir na escola; temos que discutir a necessidade de políticas de
cultura, de esporte, de lazer e da rediscussão com as famílias da lógica do
trabalho infantil dentro dos seus lares, mas, sobretudo, a necessidade de se
combater as desigualdades sociais. A desigualdade social histórica do nosso
País, do nosso Estado e do nosso Município, pela formação econômica, por toda a
concentração da renda, que nós sabemos que é uma chaga brasileira, tem que ser
combatida. A desigualdade social facilita a proliferação dos problemas, da
miséria, da pobreza e, portanto, do trabalho infantil. Quem de nós aqui não vê
crianças de sete anos, oito anos nas sinaleiras vendendo bala? As crianças são
usadas pelos familiares para vender coisas na rua a partir de uma situação
insustentável de miséria e de pobreza.
Portanto, é fundamental discutirmos a necessidade
da escola de turno integral para oferecer o contraturno, discutirmos a
necessidade de as Secretarias que lidam com o tema terem mais aporte de
recursos financeiros. No ano passado, a Secretaria Municipal da Juventude teve
apenas treze mil reais executados do seu Orçamento, porque o Governo mandou que
não se gastassem os recursos. Só que, quando não se gastam recursos, as
crianças e os jovens é que penam pela falta de políticas públicas, sim, que
precisam de recursos para ser implementadas. (Som cortado automaticamente por
limitação de tempo.)
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Bernardino Vendruscolo está com a palavra em Comunicações.
O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Ver. Toni
Proença, Presidente dos trabalhos; Dr. Heron e Drª Dulce, é lamentável a gente
ouvir autoridades confirmarem que ainda existe exploração do trabalho infantil,
é extremamente lamentável. Nós temos ouvido muito algumas justificativas,
dizendo mais ou menos assim: “É preferível que as crianças trabalhem do que
tenham envolvimento com outras coisas que não são benéficas para a sua
formação” - como drogas e outras coisas mais. Isso também é extremamente
lamentável. Eu vejo os nossos colegas da Bancada do PDT e lembro-me da bandeira
do então Governador deste Estado e do Rio de Janeiro Leonel Brizola: ter os
alunos em tempo integral nos CIEPs. Parece que os Governos, de um modo geral,
resistem um pouco à implementação dessa política, desse sistema.
O que nós estamos
presenciando hoje, muitas vezes, é o jovem - de todas as classes, não são
somente os mais necessitados, vamos dizer assim, é de um modo geral - sem atividade.
Aqueles que são mais humildes estão no meio da rua jogando futebol, brincando e
tal; os jovens das famílias mais abonadas estão na frente do computador, na
Internet - saem do colégio e vão direto para a Internet. Daí a importância
desse envolvimento dirigido, orientado, e nesses locais, que são os CIEPs, há a
possibilidade de os jovens estudarem, fazerem esportes e receberem outras
informações, o que é extremamente importante. Outro dia ouvi uma autoridade,
que não é do meio político, Verª Fernanda, dizer que há um equívoco, de que há
confusão entre educação e estudo; de que o Ministério não deveria ser da
Educação, e sim ministério do ensino, ministério
das informações, mais no sentido científico. Ele disse que há uma confusão:
educação as pessoas não buscam no colégio, ela vem de casa. Eu estava ouvindo
e, sem querer contrariar, evidentemente, respeitosamente, queria dizer que hoje
a família tem essa obrigação, não há dúvida disso, mas os pais, por incrível
que pareça, convivem muito pouco com os seus filhos, e há, sim, uma confusão -
nossa professora, Verª Sofia Cavedon -, há necessidade, sim, de fazermos um
trabalho integrado. Os colégios, hoje, têm essa função de educar também, por
isso a importância de ressaltarmos esse fato.
Eu sou Vereador do
PMDB, não sou Vereador do PDT, mas vejo muitos Prefeitos do PMDB adotarem a
política que foi implementada no período do Dr. Leonel Brizola, acho que esse é
o nosso caminho, precisamos ter um envolvimento maior com os nossos jovens.
Então, parece-me que há uma lacuna tanto para aqueles jovens mais necessitados
como para aqueles filhos da classe média alta, que saem dos colégios e vão para
casa, para frente do computador na Internet. Era isso, Sr. Presidente.
Obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. João
Bosco Vaz está com a palavra em Comunicações.
O SR. JOÃO BOSCO VAZ: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, Drª Dulce, companheiro Heron, este é um
assunto que preocupa todos nós e me preocupa muito mais porque, durante cinco
anos como Secretário de Esportes, Recreação e Lazer de Porto Alegre, convivi
muito com essa situação. Lá na Secretaria atendemos quinze mil crianças e
adolescentes por mês nos nossos projetos sociais. E, se há uma coisa que eu
aprendi, além de ser gestor de pessoas, o que é muito difícil, é que as pessoas
se enganam, Ver. Dib, quando dizem - ao passar, por exemplo, na esquina do
McDonald’s e ver uma criança se prostituindo, assaltando, fumando, pedindo -
que a criança tem que ser retirada de lá e colocada na escola. A criança não
vai para a escola, porque a rua tem dezenas de atrativos; sem falar que, por
trás dessa criança, está o pai, a mãe, o gigolô, ou seja, alguém incentivando
aquelas práticas.
Eu dizia que fora do
esporte não havia solução - esta era a minha pretensão - mas, com o passar do
tempo, eu passei a dizer que fora da ocupação não tem salvação, pois é através
da ocupação, do esporte, do lazer, da cultura e de outros segmentos que nós
estaremos trabalhando a autoestima dessa criança. Quando essa criança se sente
segura, valorizada, ela vê que a vida tem um outro lado e, aí, vai para a
escola. Quantas e quantas vezes nós assistimos - inclusive acompanhamos algumas
famílias, através da nossa assessoria comunitária - a crianças tendo que pagar
pedágio para poder voltar para casa? Ou seja, têm que mendigar, recolher, para
poder pagar o pedágio. E aí a criança chega em casa - não está na rua de graça
- e vê o pai drogado, o pai batendo na mãe, a mãe com outro namorado na cama,
enquanto o pai trabalha; e a criança não tem alternativa, ela acaba indo para a
rua, para o trabalho escravo ou vai se prostituir. Ou ocorre o contrário: o pai
e a mãe saem cedo para trabalhar, a criança fica sozinha na vila, e um
vagabundo acaba adotando essa criança. Quer dizer, ela vai trabalhar na boca de
fumo, pois hoje os traficantes usam as crianças.
Então, nós resolvemos
desenvolver lá projetos sociais que pudessem contemplar essas crianças. Já
mencionei aqui os vários projetos sociais que formamos e que têm dado
resultado. Nós criamos o Bonde da Cidadania, que é um ônibus que diariamente
passa pelas sinaleiras de Porto Alegre convidando as crianças para a prática
esportiva, com alimentação e com banho. Temos mais de quinhentas crianças nos
clubes de Porto Alegre, fazendo esportes gratuitamente. Agora, é preciso uma
conscientização. Só que essas crianças não têm o berço, não têm uma referência
familiar, não têm limites, porque há, Doutor, a criança da rua e a criança que
está na rua. Nós precisamos, urgentemente, atacar isso. É uma praga, é um
flagelo da sociedade. Mas, frente a tudo isso, não podemos nos entregar: o seu
trabalho deve continuar, o Heron deve continuar, e nós, Vereadores, devemos
fiscalizar; a sociedade deve fiscalizar, porque, infelizmente, é uma praga o
que estamos vivendo!
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Passo a
presidência dos trabalhos ao Ver. Bernardino Vendruscolo.
(O Ver. Bernardino Vendruscolo reassume a presidência dos trabalhos.)
O SR. PRESIDENTE (Bernardino
Vendruscolo): O Ver. Aldacir José Oliboni está com a palavra em Comunicações.
O SR. ALDACIR JOSÉ OLIBONI: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores.
(Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Com certeza, Verª Sofia
Cavedon, nós percebemos que erradicar o trabalho infantil é uma missão muitas
vezes difícil. Difícil quando nós percebemos que faltam políticas públicas e
percebemos, Verª Fernanda Melchionna, a evasão escolar, que, em algumas regiões
desta Cidade, ultrapassa os 30% - eu diria, com propriedade, na Região Leste de
Porto Alegre. Combater o trabalho infantil é possibilitar, Ver. Mario Manfro,
que não existam mais de duzentas, trezentas crianças inscritas na fila para
acessar uma creche; é poder perceber que nos grandes centros, como Porto
Alegre, milhares de pessoas ainda continuam na rua. Por que será que isso
está acontecendo, nobres convidados Heron e Drª Dulce? Isso nós perguntamos
muitas vezes quando não se tem um programa de combate ao crack, por exemplo, em Porto Alegre. Fala-se tanto, e nós sabemos
que um CAP da Cidade tem apenas 16 vagas, sendo que na rede conveniada não
chegam a 200 as vagas, e nós precisaríamos, no mínimo, em Porto Alegre, mais de
mil vagas. Não vamos exagerar, se houvesse 500 vagas já seria bom. Para
combater tudo isso, precisamos de políticas que possam ir ao encontro da
população. Por outro lado, Ver. Nilo Santos, nós estamos falando do combate ao crack ou à drogadição, quando Porto
Alegre deveria ter, no mínimo, 500 vagas disponíveis na rede conveniada ou nos
CAPs ou até mesmo nas comunidades terapêuticas. Infelizmente, nós não temos.
E queria trazer alguns dados. Se, por um lado,
percebemos que muita coisa há por fazer, também muita coisa foi feita no
Governo Lula. Concordo com muitas colocações trazidas pelo Dr. Heron, quando
falava da geração de empregos, das possibilidades criadas ao menos nesta
Gestão. Se nós percebermos, o salário mínimo, no Governo anterior, era de 78
dólares e hoje está em 210 dólares. Nós percebemos que, no Governo anterior,
não houve nenhuma expansão das universidades; neste Governo, já abriram dez
novas universidades. Nós percebemos que, no Governo anterior, não se criou
nenhuma Escola Técnica; neste Governo, mais de 214 Escolas Técnicas estão sendo
construídas ou foram construídas. Nós percebemos que, quanto à mobilidade
social, no Governo anterior, mais de dois milhões de pessoas saíram da linha de
pobreza; neste Governo, mais de 23 milhões de pessoas saíram da linha de
pobreza. Percebemos que os novos empregos, no Governo anterior, eram 780 mil;
neste Governo, já passam de 11 milhões os novos empregos. Sobre investimento e
infraestrutura: no Governo anterior, conforme os dados que temos dos
Ministérios, quase nenhum; neste Governo Lula, até 2010, houve 504 bilhões de
reais para investimento e infraestrutura.
Poderíamos falar de muita coisa boa que aconteceu,
mas ainda é insuficiente, porque nós herdamos um Governo que não olhou pelo
social! Nós herdamos um Governo que não percebeu a importância da geração de
emprego. E mais do que isso: herdamos uma política sucateada quando falamos,
por exemplo, na questão da Saúde Pública: hoje, ainda, o cidadão tem que
madrugar para marcar uma consulta; muitas vezes, esperar um ano, dois anos para
ter uma consulta com um especialista e, muitas vezes, esperar seis meses, um
ano para uma cirurgia. Precisamos avançar muito para possibilitar a dignidade
das pessoas. Tenho muita esperança de que o nosso Governo continue nessa
perspectiva de dar oportunidade; que, com isso, reduza as diferenças e promova
a inclusão social. Por esse aspecto, dou os parabéns... (Som cortado
automaticamente por limitação de tempo.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. Idenir Cecchim está com a palavra em
Comunicações.
O SR. IDENIR
CECCHIM: Sr. Presidente, Ver. Vendruscolo; meu caro Superintendente, Heron; Srª
Procuradora do Ministério do Trabalho; Srs. Vereadores e Sras
Vereadoras, escutando a Verª Sofia Cavedon, achei que ela não gosta de criança,
mas acho que me enganei. Ela não perdoa nem no dia em que estamos num assunto
tão importante, quando devemos unir todos os esforços para cuidar das nossas
crianças, ela não consegue deixar de achar culpados e criticar. Tenho certeza
de que, quando ela disse que a Administração Municipal “furou” no trato com as crianças, estava se referindo
àquela foto que saiu no jornal Zero Hora, alguns anos atrás, de crianças num
bueiro perto da Prefeitura. E não era a Administração do Prefeito Fogaça; era
outra a Administração. Nós vamos continuar fazendo a luta, essa mesma luta que
todos nós fazemos todos os dias para que as nossas crianças permaneçam na
escola - nisso concordamos com a Verª Sofia. Por isso no início eu pensei que
ela não gostasse de criança, mas depois vi que ela também se preocupa muito, é
professora, é uma boa professora. Temos que continuar nessa luta, conversar com
os Prefeitos, com as pessoas, com as crianças, seja com quem for, de toda a
Grande Porto Alegre, porque temos a comprovação de que grande parte das crianças
que estão nas sinaleiras vêm da Região Metropolitana.
Eu acho que essa é uma política de todos os
Governos. Se há falhas, são falhas de todos, de cima a baixo; se há acertos,
também são de todos. Não acredito que alguém queira fazer política em cima
desses pobres inocentes, que são, muitas vezes, obrigados pelos seus pais: o
pior não é a falta de atenção, mas obrigá-los a buscar rendimentos nas esquinas
para sustentar o vício do pai ou da mãe. Esse é um assunto tão sério que todos
devemos esquecer as nossas cores partidárias, até mesmo os nossos conceitos e
nos juntarmos para fazer com que se respeitem aqueles que não têm o direito de
optar por ir à escola, por ir jogar bola, por ir brincar. Eles não têm o
direito porque lhes é tirado esse direito, às vezes, pelos próprios pais,
quando essas crianças não são alugadas por alguma vizinha, ou por alguma
esperta ou por algum esperto para pedir esmola na rua.
Acho que é um assunto muito sério. O Deputado Heron
de Oliveira, nosso Superintendente do Ministério do Trabalho, desenvolveu
muitos trabalhos com adultos, acho que também ajudará a cuidar das crianças. Eu
lembro de um desses trabalhos: o senhor e o Coronel Jones empunharam muito
forte a questão dos guardadores de carros e fizeram com que eles tivessem dignidade
e conseguissem uma renda honesta para segurar os seus filhos. Então, o assunto
“crianças” não se dá somente através do Poder Público, mas também ajudando os
pais a terem renda para cuidar dos seus filhos. Se tiverem renda em casa, os
pais sabem cuidar melhor dos seus filhos do que qualquer Governo, seja Federal,
Estadual ou Municipal. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. DJ Cassiá está com a palavra em
Comunicações.
O SR. DJ
CASSIÁ: Sr. Presidente, Ver. Bernardino Vendruscolo; Srª Dulce Torzecki, do
Ministério do Trabalho, seja bem-vinda, parabéns pelo trabalho. Meu grande
amigo Heron de Oliveira, eternamente Deputado; Sras Vereadoras e
Srs. Vereadores, quero tentar contribuir humildemente com estes tantos colegas
sábios nessa causa.
Em primeiro lugar, quero dizer que comecei a
trabalhar com nove anos de idade. Não é o correto, não é o certo, mas a
necessidade me levou, Deputado Heron, a isso. Mas tive uma diferença das muitas
crianças que estão aí hoje: tive uma estrutura familiar por trás. Eu chegava em
casa e era bem tratado; eu chegava em casa e era bem alimentado; eu chegava em
casa e era orientado para o bem; eu chegava em casa e tinha de fazer meus
temas. Há uma diferença. Esse é um tema polêmico, claro! Concordo plenamente
com o meu colega Ver. João Bosco Vaz, que falou aqui com muita propriedade.
Vereador João Bosco, realmente, é verdade o que o senhor falou: há muitas
crianças que se obrigam a ir para as sinaleiras porque têm como única forma de
voltar para a casa o pedágio. O pedágio, o que alimenta o vício do pai e da
mãe, a droga, a bebida de álcool. Então, há uma diferença desses pais para os
pais que eu tive, e é uma diferença muito grande. Agora, quero dizer também que
cada escola de porta fechada é uma vaga que se abre para o crime. Onde está o
crime? O crime é feito em cima dessas crianças que são adotadas.
Eu não tenho nenhuma dificuldade aqui, nunca tive e
nunca vou ter de parabenizar um Governo, este ou aquele, que faz o bem para a
sociedade. Não tenho dificuldade. Muitas vezes subi a esta tribuna e
parabenizei o Presidente Lula por diversas ações sociais suas; ele não é do meu
Partido. Também não podemos esquecer - não quero aqui fazer um debate político,
não é esse o propósito - da revolução em educação infantil que fez o Governo
Fogaça - revolução. Não está escrito, não li nos jornais, não vi na TV;
acompanhei como Presidente da Comissão de Educação, Cultura, Esporte e
Juventude desta Casa. E houve um homem que teve a coragem de investir em
Educação, porque Governo que não investe em Educação não tem interesse no
desenvolvimento do seu povo e, principalmente, no avanço das suas crianças, que
são o futuro: Leonel Brizola deixou a receita e a repassou para todos os
Governos. O melhor tratamento para as nossas crianças, o cuidado para as nossas
crianças está na Educação. Leonel Brizola deixou a receita: escolas de turno
integral.
Eu agradeço, porque o meu tempo está terminando, e
parabenizo o trabalho dos senhores. Eu estou junto com os senhores. Muito
obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. LUIZ
BRAZ: Sr. Presidente, Ver. Bernardino Vendruscolo; eu quero cumprimentar o
meu grande amigo Dr. Heron de Oliveira e também a Drª Dulce Martini Torzecki,
Procuradora do Ministério Público do Trabalho.
Eu acredito, meu querido amigo Ver. João Dib, Líder
da situação, e Ver. Pedro Ruas, Líder da oposição aqui nesta Casa, que um dos
maiores defeitos que nós temos nos nossos Legislativos é que os representantes,
em vez de ajudarem a encaminhar uma solução para problemas, vêm à tribuna para
fazer proselitismo e demagogia, e isso não funciona. Um Vereador passou por
aqui e disse que a culpa do que está acontecendo hoje com as crianças é do
ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso - olha, é o fim do mundo isso -, disse
que agora o Presidente atual está ajeitando tudo! Mas, olha, esse discurso não
trata, com seriedade, o tema que nós vimos discutindo.
Meu amigo Heron e Drª Dulce, esse tema trata de uma
legislação que eu acredito que está muito mais avançada do que o estágio social
em que nós vivemos hoje. A nossa sociedade ainda não está no ponto de poder,
realmente, exercitar esta legislação, que poderia ser muito boa. Mas acredito
que ela é difícil realmente de ser vista na forma em que nós temos hoje a nossa
sociedade.
Eu estava hoje saindo às ruas e vi uma garotinha de
mais ou menos seis anos que estava sendo conduzida por, acredito, sua mãe, uma
senhora mais velha; a garotinha estava com frio, vestia uma blusinha bem curta,
um vestidinho bem curto. Tenho certeza absoluta de que isso gerado pela miséria
que nós temos nos dias atuais. Não vou nem dizer aqui que isso é culpa do
Presidente da República, que resolveu dar dinheiro para jogador de futebol em
vez de aplicar dinheiro onde precisa aplicar, porque acho que essa não seria a
discussão correta. Mas vou dizer que, aqui na esquina da Câmara, bem na
esquina, entre a Câmara e o Ministério da Fazenda, se reúnem grupos de crianças
que, não tendo o que fazer, ficam ali, acredito que manipulando drogas, algumas
cheirando aquele tal de loló. E tenho certeza absoluta de que, se eu for lá e
pegar qualquer uma daquelas crianças e trouxer aqui para dentro da Câmara e
dizer: “Olha, você vai pegar esse jornal e vai levá-lo lá no gabinete de um
outro Vereador”, alguém que estiver perto me observando e estiver realmente
mal-intencionado vai dizer que eu estou explorando o trabalho infantil. E eu
realmente teria de responder, porque estaria explorando uma criança, porque
estaria dando um trabalho a ela.
Fui obrigado, pelas circunstâncias, quando eu tinha
oito anos de idade, a catar papel na rua, era a função que eu tinha, porque,
afinal de contas, a minha família era muito pobre, e eu tinha que ter alguma
função. Sei que existem tantas outras crianças - o Ver. João Dib falava que
começou com cinco ou seis anos a fazer algum tipo de trabalho -, mas sempre que
a imprensa quer discutir esta Legislação... Então, se eu
pegar aquela criança, vou ser criminoso! E só para finalizar: não vou
continuar nenhuma linha de raciocínio, acho que, infelizmente, essa discussão,
quando é feita, sempre traz as crianças que estão descascando mandioca com uma
faquinha na mão, ou traz, na verdade, crianças que estão fazendo um trabalho
extremante perigoso para as suas faixas etárias. Acho que a sociedade não pune
aquele que está explorando as crianças nas vilas por causa do tráfico - e está
cheio disso -, e nem as crianças que estão passeando pelas ruas da Cidade com
fome são protegidas por essa sociedade, mas a lei diz que o trabalho infantil
está proibido, e todo o mundo acha que já está tudo resolvido com essa
proibição. Eu acho que isso é, realmente, muito cruel. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): A Drª Dulce Martini Torzecki, Procuradora do
Ministério Público, necessita se ausentar. Nós agradecemos a sua presença, a
Casa está à disposição do Ministério Público, e, em outra oportunidade,
retomaremos o assunto.
A SRA. DULCE
MARTINI TORZECKI: Agradeço, em nome do Ministério Público do Rio
Grande do Sul, a oportunidade de estar conversando com o Legislativo Municipal;
estamos à disposição para fazermos as parcerias de atuação nessa área.
Obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. Nilo Santos está com a
palavra em Comunicações.
O SR. NILO SANTOS: Sr. Presidente, após
a fala do Ver. Luiz Braz eu me sinto contemplado. Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. Dr. Raul está com a palavra em Comunicações.
O SR. DR. RAUL: Sr. Presidente, Ver.
Bernardino Vendruscolo; Sras Vereadoras e
Srs. Vereadores, senhores visitantes, pessoas que nos assistem, fiz questão de
me manifestar sobre esse tema, porque, ao longo dos meus 30 anos de militância
na Saúde Pública e sempre atendendo em comunidades pobres, tenho experiência
para dizer o que acontece nessas comunidades. Essa questão do trabalho infantil
passa por essas comunidades pobres; eu diria que noventa por cento é questão
envolvendo o pobre.
Acredito basicamente
que é muito importante o trabalho ser estudado na sua totalidade, porque a
droga, nessas comunidades, mata todo o dia; agora, o trabalho não mata ninguém.
Nós vivemos numa sociedade com certos critérios que, muitas vezes, são
modificados ao longo do tempo. Quantas e quantas vezes a gente vê, por exemplo,
nas vilas populares, as crianças conduzindo carroças? Quem aqui é a favor de
crianças conduzindo carroça? Evidentemente, ninguém. A sociedade, muitas vezes,
impõe para aquelas pessoas que elas busquem a sua sobrevivência através daquela
situação. Não é, por exemplo, com uma lei aprovada por esta Casa que diz que em
oito anos não vai haver carroças na Cidade que vamos resolver esse problema.
Agora, com a inclusão social das pessoas que vivem disso, com a qualificação,
com a geração de renda, aí, sim, nós vamos realmente atingir o nosso objetivo.
Então, o que ocorre
com essa pessoa que está no vício da droga, do crack? A gente entra em uma vila dessas e, depois de
um determinado horário, vê uma fileira não só de crianças, mas de adultos
também, fumando crack. O que as
crianças faziam há poucos anos? Nós, que já somos um pouquinho mais avançados
na idade, sabemos que as crianças cheiravam cola de sapateiro. Hoje,
praticamente, já não se cheira mais cola, xileno, tolueno, benzeno. Isso,
agora, passou a ser nada. Agora é o crack
direto. O meu primeiro Projeto, aqui na Câmara de Vereadores, como médico, foi
a criação de um Centro de Planejamento Familiar para a nossa Cidade. Por quê?
Porque sei que o planejamento familiar é a raiz de tudo. Se não tivermos
famílias com o número de filhos adequados às suas condições de criação, para
dar carinho, dar ensino, dar sustento, aonde vamos acabar? Já estamos chegando
muito próximos, isto é, na ocupação indevida de áreas que são de preservação,
na falta de saneamento, na falta dos Poderes Públicos darem, na sua
integralidade, resposta à sociedade - isso não é de um Partido, não é de outro
Partido -, nas dificuldades, naquela “fartura” à que estamos acostumados, quer
dizer, é uma “fartura” geral: “farta saúde, farta educação, farta cultura,
farta tudo”.
Então, na realidade, temos que trabalhar para
termos uma sociedade melhor, para uma sociedade para as próximas gerações que
se baseie na integridade da família, na possibilidade de que essas crianças
sejam realmente acompanhadas. Não é à toa que, aqui na Casa, também aprovei um
Projeto que faz do Primeira Infância Melhor uma política pública permanente em
Porto Alegre, para que a gente atenda tanto a crianças de zero a seis anos,
especificamente de zero a três, estimulando, fazendo com que sejam visitadas,
para que tenham a estimulação neurológica necessária a um bom desenvolvimento.
Acredito que temos que nos basear no acompanhamento das gestantes, no
acompanhamento das crianças, no planejamento familiar. A questão do trabalho é
extremamente importante, e temos que estar acompanhando. Isso muito bem faz o
Ministério do Trabalho, o Ministério Público, mas a questão social é muito mais
ampla e merece a atenção e o carinho de todos nós aqui nesta Casa, desejando
que, com o que possamos fazer, estejamos realmente ajudando a sociedade a ter
uma vida melhor. Muito obrigado. Saúde para todos!
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. Paulinho Rubem Berta está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. PAULINHO
RUBEM BERTA: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, todos os
que nos assistem, este tema é muito preocupante, mas mais preocupante
principalmente para mim, que sou oriundo da periferia, que moro lá no bairro
Rubem Berta, ouço as pessoas falarem bastante sobre as crianças nas sinaleiras.
É uma grande verdade. Criança deveria estar na escola, deveria estar brincando,
deveria estar criando um suporte de vida com a família, deveria estar com a
família. Se formos analisar de quem é a responsabilidade, eu começo a ficar
preocupado, principalmente porque a primeira responsabilidade deveria ser da família,
que deveria ser estruturada. Se não cuidamos da família, que muitas vezes está
desestruturada, como vamos orientar e educar os jovens? Como conduzi-los para
uma estrutura melhor?
Eu também fico preocupado quando se busca um
culpado. Quando se busca um culpado, não se busca solução. Não é um Governo nem
outro, nem este e nem aquele, nem o que passou; é uma condição do nosso País, é
até cultural! É dando dinheiro na sinaleira para a criança, incentivando-a,
dessa forma, a permanecer ali; é a mãe que muitas vezes está com a criança no
SASE - Serviço de Apoio Socio-Educativo - e que vai lá e a retira para ajudar
no sustento da família. Aí entra um bem necessário, uma ação necessária... Até
o Bolsa Família, que infelizmente é um mal necessário hoje neste País. Ter que
concordar com isso dói, é complicado.
Por outro lado, eu tenho visto ações... Por
exemplo, distribuir cem mil reais a cada ex-jogador profissional... Puxa vida!
Lá na minha Associação, onde eu tenho orgulho, junto com um grupo de pessoas,
de cuidar de 85 crianças, é chuleadinho para não faltar o leite para elas todos
os dias, porque os pais não têm condições de contribuir com um saquinho de
leite. E aí eu vejo que estão querendo dar, em primeiro lugar, cem mil reais
para ex-atletas, quando muitos deles têm empresa, estão com dinheiro no bolso!
E nós temos que fazer isso. Tenho ido à FASC, tenho conversado com a sua
Presidente, que tem feito um belíssimo trabalho com os técnicos lá, ela tem
procurado se esmerar com os parcos recursos que tem para manter as crianças
dentro de um espaço onde estão sendo orientadas, reforçadas. É uma dificuldade
muito grande.
Só vou fazer uma pergunta: qual é a vontade do
Prefeito atual, o José Fortunati, do José Fogaça, dos governos anteriores, até
do Partido dos Trabalhadores? Era ter crianças na rua? Era ter crianças nas
sinaleiras? Bom, se existisse mágica aí, o Partido dos Trabalhadores tinha
resolvido, o Governo Fogaça tinha resolvido, e, agora, o Governo Fortunati
resolveria. Não é uma questão de querer, é uma questão de poder, de ter
recursos para isso. Talvez, se nós pararmos de fazer plebiscito para ver se o
Portal pode ou não pode; talvez, se deixarmos de fazer plebiscito sobre as
armas, se pode ou não pode... É muita fonte de recurso desperdiçada que poderia
ser canalizada para orientar essas crianças, que serão os futuros, se não
cuidarmos, marginais da nossa Cidade, do nosso País. Não existe político, na
minha visão, que não queira ser endeusado até pelo povo. Mas, infelizmente, é o
seguinte: ninguém faz o que quer, faz o que hoje pode. O recurso é pouco, o
dinheiro é pouco.
Então, eu venho até esta tribuna para pedir,
primeiro, que a sociedade se una, faça parcerias e busque recursos, que não os
desperdice, para poder atender essas crianças. Lá na Associação temos 85
crianças, para dar como exemplo, e é uma dificuldade sustentá-las, porque os
pais não têm um centavo para dar. É ali no Rubem Berta, um dos bairros mais
violentos de Porto Alegre, onde as crianças, quando não estão lá, estão à
disposição do crime, tornando-se soldados do tráfico com a maior facilidade. Se
todos nós sabemos disso... (Som cortado automaticamente por limitação de
tempo.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): O Ver. Luiz Braz está com a palavra em Comunicações.
O SR. LUIZ
BRAZ: Sr. Presidente, solicito que aquele minuto que V. Exª me concedeu a mais
para que eu pudesse terminar a minha primeira fala seja exatamente para
preencher este espaço que eu solicitei para também me pronunciar.
O SR. PRESIDENTE
(Bernardino Vendruscolo): Muito obrigado, Ver. Luiz Braz, V. Exª é muito
gentil.
(O Ver. Mario Manfro assume a presidência dos
trabalhos.)
O SR.
PRESIDENTE (Mario Manfro): O Sr. Heron de Oliveira está com a palavra.
O SR. HERON DE
OLIVEIRA: Eu quero, ao encerrar, agradecer mais uma vez a oportunidade. Cumprimos,
basicamente, o propósito; o que pretendíamos era exatamente isto: proporcionar
essa oportunidade e, principalmente, ensejarmos que cada Parlamentar pudesse
extravasar a sua opinião. Não nos cabe aqui oferecer resistência a quaisquer
dos argumentos oferecidos, isso cabe às Sras Vereadoras e aos Srs.
Vereadores. Não temos a pretensão nem a presunção de imaginar que, num curto
espaço de tempo, consigamos fazer uma revolução cultural a ponto de desalojarmos
essa que voltamos a definir como uma chaga.
Se é verdade que, no nosso tempo, era possível, era
aceitável poder trabalhar, os tempos modernos não mais o recomendam. Eu recebi,
com a maior felicidade, como primeiro grande presente por parte do meu pai, uma
máquina de debulhar milho quando eu era garoto, porque debulhava milho com a
mão, e foi o presente mais importante que eu recebi e o que mais me felicitou.
E o presente que eu dei ao meu filho e que o deixou, do ponto de vista
material, mais feliz foi um computador. Quer dizer, até mesmo a obsolescência
do trabalho invalida a ideia de que se tenha que trabalhar em atividades que,
logo ali adiante, quando na fase adulta, também por essa razão, se desvanecem
as razões e as justificativas para que tal se dê.
Eu agradeço muito esta oportunidade. Mesmo que
tenhamos opiniões divididas - lamentavelmente, nós as temos -, acho que não
deveria ser este um tema polêmico; oxalá possamos viver ainda num tempo em que
este será um tema consensual. Ficou feliz de ter ocupado, por generosidade dos
Srs. Vereadores, este espaço aqui. Colocamo-nos à inteira disposição e vamos
continuar conversando, arregimentando forças para que os esforços não sejam
mais fragmentados, mas, como disseram e propuseram as Sras Vereadoras,
seja um tema cada vez mais fruto de uma articulação que possa cada vez mais
recrutar mais e mais agentes para poder enfrentá-la. Muito obrigado, Srs.
Vereadores.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Mario Manfro): Agradecemos a sua presença. Suspendemos os
trabalhos para as despedidas.
(Suspendem-se os trabalhos às 16h40min.)
O SR.
PRESIDENTE (Mario Manfro – às 16h42min): Estão reabertos os trabalhos.
O SR. PEDRO
RUAS: Nós temos hoje a previsão de apresentação de um Relatório em Comissão Conjunta
que diz respeito ao Projeto do Executivo que cria o Conselho de Segurança
Alimentar. Por coincidência, falávamos, agora há pouco, na questão das nossas
crianças em todo País e, particularmente, em Porto Alegre. Quero chamar a
atenção da Mesa - este detalhe é importante - de que a votação desse Parecer
Conjunto é extremamente necessária para a criação do Conselho de Segurança
Alimentar, sem o qual o Município não pode fazer sequer convênios com o Governo
Federal para obter, Ver. Braz, os recursos para a merenda escolar. E aqui eu
tenho a honra de falar em nome da Liderança da oposição e da Liderança do
Governo, com a autorização do Ver. João Dib, pedindo então que façamos um
esforço no sentido de votarmos o Parecer da Verª Maria Celeste, exatamente para
criar esse Conselho, que é do maior interesse da Cidade.
O SR.
PRESIDENTE (Mario Manfro): Ver. Pedro Ruas, essa é a intenção inclusive da
Mesa.
A Verª Sofia Cavedon está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
A SRA. SOFIA
CAVEDON: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores; agradeço à
Verª Maria Celeste e ao Ver. Aldacir Oliboni por poder falar em nome da nossa
Bancada. Falo de um tema que tem me deixado muito preocupada e ansiosa, porque
acho que Porto Alegre não está à venda, mas muitos querem vender áreas nobres
da Cidade, e a Câmara de Vereadores acaba pegando só a consequência disso,
porque a aprovação está acontecendo na Assembleia Legislativa.
Eu trago aqui (Mostra fotografia.) uma foto
belíssima que mostra a importância de um espaço como o Morro Santa Teresa para
a nossa Cidade, já tão edificada, já tão conflagrada pelo trânsito, pela
poluição, pela desordenada urbanização de muitos espaços. Vejam que o Morro
Santa Teresa está todo cercado por edificações, ele é um grande respiro, um
grande oásis, um grande gerador de oxigênio, de saúde, é um espaço de proteção,
inclusive de espécies em extinção, Ver. Brasinha, da fauna e da flora. É uma
área de preservação, é uma área de interesse cultural, porque ali havia uma
escola que se chamava Dona Teresa, da época do Império aqui no Brasil, depois
virou Santa Teresa; então, ele tem uma história, tem uma importância
estratégica para a cidade de Porto Alegre. Alguém perguntou para a cidade de
Porto Alegre, para o Prefeito de Porto Alegre, para a Câmara de Vereadores,
Ver. Pujol, se podia vender? Essa é a pergunta! Alguém perguntou para nós, Ver.
Dr. Raul, os cidadãos comuns, se dá para vender? Não. E a Governadora Yeda,
Ver. Braz, está encaminhando a venda, a alienação dessa área.
A Governadora - a sua Governadora, Ver. Brasinha -
não escuta a população, aliás, ela usa, está usando as crianças da FASE para
fazer um negócio imobiliário. Eu não posso acreditar que, quando há recurso
público federal para construir casas descentralizadas para atender às crianças,
ela argumente que tem de vender 73 hectares com essa qualidade para fazer essas
casas. É um absurdo, é um escândalo nesta Cidade! E, ontem, o Ministério
Público se pronunciou; o Dr. Luciano Brasil emitiu uma recomendação em nome das
famílias que estão lá, das sete comunidades que ocupam aquela área, Ver.
Oliboni, que já têm direito à moradia, direito garantido pela legislação
federal, direito garantido pela Constituição Estadual, que diz que, se há áreas
que não são utilizadas, elas devem ser utilizadas para moradia popular, e não
para especulação imobiliária, que é o que está se promovendo, de novo, em Porto
Alegre, sem autorização da Cidade. Não há autorização, Ver. Brasinha, para se
fazer essa venda! E é uma enorme de uma área!
Isso, gente, tem a ver com a Câmara de Vereadores!
Ver. Pedro Ruas, será que a Zona Sul suporta maior densificação? Será que há
interesse público em vender uma área daquele tamanho? Há interesse da cidade de
Porto Alegre para alienar um bem público? Toda regra de alienação de bem
público diz que ele só pode ser alienado se houver interesse público. Não é
possível que 73 hectares sejam justificados para venda, para construir casas
para crianças e adolescentes, porque, para isso, há recurso público federal,
inclusive, não utilizado pelo Governo do Estado. E a minha indignação é que o
Projeto será votado em Regime de Urgência e não houve debate com a sociedade.
Foi solicitada a esta Casa uma audiência pública, que ainda não foi feita, e
isso é um problema sério.
Então, fica aqui o alerta da nossa Bancada: a
Cidade está sendo vendida; a qualidade de vida está sendo vendida nesta Cidade
para especulação imobiliária, Ver. Brasinha. Eu não concordo e tenho certeza de
que a Cidade não concorda. Nós temos que nos manifestar - é a nossa Cidade.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Mario Manfro): O Ver. Nilo Santos está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. NILO
SANTOS: Sr. Presidente, Ver. Mario
Manfro; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, senhores e senhoras que
nos acompanham; o discurso de defender a natureza está em alta, é claro. Só
que, há pouco tempo, foi feito um discurso em favor dos adolescentes.
Parece-me, Ver. Toni, que todo esse movimento é, exatamente, para oferecer uma
condição melhor de atendimento para a gurizada interna da FASE. Esse movimento
não é uma simples entrega: “Vou entregar”! O Governo não tem dinheiro, precisa
oferecer um atendimento melhor, para tentar devolver essa gurizada internada na
FASE para a sociedade com o caráter trabalhado, Ver. Alceu Brasinha. Eu posso
falar disso, porque fui Diretor da FASE. Quem nunca entrou na FASE não sabe o
que acontece lá dentro, nem viveu para ver.
A FASE é um depósito de meninos e meninas. Eu digo
que é um depósito, Ver. Alceu Brasinha, porque, na minha época de Diretor,
tentei levar lá para dentro um trabalho para a gurizada dobrar fivelas. Elas
receberiam para isso, num projeto com uma metalúrgica, e o Juiz não permitiu,
porque seria desgastante demais para a gurizada. Há a ala dos psicopatas. Certa
vez, nós chamamos um menino para uma entrevista antes de uma audiência e
perguntamos a ele: “E aí, meu filho, certinho então? Estás arrependido? O que a
gente vai dizer para a Juíza agora?” E ele disse: “Diz que eu estou
arrependido, seu. Estou arrependido de ter matado o meu velho tão rápido.
Deveria ter matado mais devagar”. Ele simplesmente desmanchou o pai dele com um
machado, esquartejou-o. Se ficarem apenas socados dentro dos prédios da FASE,
Ver. Luiz Braz, nós não vamos resolver.
Há discurso de que temos que cuidar dos jovens e
adolescentes que nós amamos - beijos para os jovens e adolescentes deste País!
Mas na hora em que a Governadora toma uma atitude - “Vou enfrentar essa
situação”, “Vamos construir um espaço adequado para buscarmos a recuperação
desses adolescentes” -, levanta-se oposição até contra isso e depois vem mandar
beijo para as criancinhas e para os adolescentes...! Essa é uma causa nossa. O
Governo não tem dinheiro para construir uma nova FASE, uma nova estrutura. No
momento em que tenta formar uma parceria...
(Aparte antirregimental.)
O SR. NILO
SANTOS: Eu vou lhe dizer, Verª Sofia Cavedon, com toda a autoridade, porque sou
uma das pessoas que mais plantam árvore nesta Cidade: eu planto cinamomo, eu
planto goiabeira, eu planto o que aparecer na minha frente. Tem gente que nunca
plantou uma árvore na vida e faz discurso aqui de ambientalista! Nunca plantou
um pé de guanxuma, nunca plantou um chá, que seja, nunca plantou um capim! Verª
Sofia, quando um grande hipermercado destruiu as árvores, como ocorreu na Av.
Monte Cristo, com a ida do Big para lá, eu não ouvi manifestação de sua parte
no sentido de que estavam derrubando a natureza, etc. Eu nunca ouvi! Mas,
agora, porque a Governadora criou uma estratégia, um plano, para fazer um
trabalho, para recuperar esses adolescentes da FASE - e não apenas ficarem
depositados, Ver. João Bosco -, levanta-se gente contra para dizer:
“Pobrezinhas das árvores, pobrezinhos dos arbustos”. Pobrezinhas das crianças,
dos adolescentes que são internos da FASE. A senhora e um grupo nesta Cidade e
neste Estado estão tentando trancar um projeto para o desenvolvimento desses
jovens e desses adolescentes.
(Aparte antirregimental do Ver. Brasinha.)
O SR. NILO
SANTOS: Não pode, Ver. Brasinha. É lamentável. Obrigado, senhoras e senhores.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. JOÃO
ANTONIO DIB: Sr. Presidente, eu solicito a V. Exª que, neste momento, chame as
Comissões Conjuntas para analisar os pareceres que temos aí, pareceres da mais
alta relevância para a nossa Cidade. Se todos concordarem, eu pediria aos
Vereadores que estão nos seus gabinetes que venham a Plenário, para que
possamos fazer a análise de três Projetos de muita importância.
O SR.
PRESIDENTE (Mario Manfro): Eu solicito, então, que os Líderes venham até à
Mesa e que os Vereadores que estão nos seus gabinetes comparecem ao Plenário.
O SR. JOÃO
ANTONIO DIB: Sr. Presidente, proponho que votemos, em primeiro lugar, o empréstimo
para a realização das obras de que a Cidade tanto precisa; em seguida, votemos
os Conselhos e, depois, o Parecer do Ver. Luiz Braz. Nós temos três Comissões,
não há problemas, podemos iniciar os debates. Volto a dizer: o empréstimo, que
interessa a toda Cidade; o Conselho, que interessa a toda Cidade, e o terceiro
Projeto do Ver. Luiz Braz. Eu acho que não há mais o que discutir.
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro:) Vereadores, há um acordo? (Pausa.) Passo a
presidência dos trabalhos ao Ver. Pedro Ruas, para realizarmos a Reunião
Conjunta das Comissões. Estão suspensos os trabalhos.
(Suspendem-se os trabalhos às 17h08min.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro – às 17h24min): Estão reabertos os trabalhos da
presente Sessão Ordinária.
O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma
Comunicação de Líder, pelo Governo.
O SR. JOÃO
ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, como tem
sido muito debatido aqui o problema da Empresa Reação, eu quero que os Anais da
Câmara de Vereadores, daqui a trinta anos, daqui a cinquenta anos, ainda
registrem os acontecimentos.
(Lê.) “Em 2000/julho:” - o Prefeito era Raul Jorge
Anglada Pont - “a Prefeitura assina contrato com a Empresa Reação Segurança e
Vigilância Ltda, Processo Licitatório nº 01.106321.99.4, para prestar serviço
aos 28 postos de saúde do Município, pelo período de 12 meses, prorrogáveis por
até 60 meses (a ser realizado através de Termo Aditivo ou contrato). Em
2000/agosto:” - Prefeito Raul Jorge - “contrato emergencial por 30 dias,
realizado em virtude da liminar que suspende o Processo Licitatório. Em 2000/dezembro:
novo contrato emergencial por 180 dias, realizado em virtude da liminar que
suspende o referido Processo Licitatório. Em 2000/dezembro: a Empresa Reação
firma contrato com a Secretaria de Indústria e Comércio para prestar serviço no
reveillon. Em 2001/janeiro:” - o Prefeito era Tarso Fernando Genro - “a Reação
presta serviço de segurança para o Fórum Social Mundial via SMIC. Em
2001/outubro:” - Prefeito Tarso Fernando - “a Prefeitura firma novo contrato
com a Empresa Reação, por um período mínimo de 12 meses e máximo de 60 meses,
para 31 postos de saúde da Capital. Em 2002/janeiro:” - Prefeito Tarso Fernando
- “novo contrato para o Fórum Social Mundial com Empresa Reação. Em
2003/janeiro: mais um contrato para o Fórum Social Mundial, além do Fórum de Autoridades
Locais. Contrato este assinado pelo então Secretário da SMIC. Em 2003/outubro:”
- Governo Tarso Fernando - “a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e
Segurança Pública contrata a Empresa Reação para o evento Universo das Tribos”,
já sendo Prefeito o João Verle.
“Em 2005/dezembro:” - Prefeito José Fogaça - “a
Prefeitura contrata, via pregão eletrônico, para segurança dos Postos de Saúde,
a Empresa Reação. Em 2006/dezembro: a mesma empresa vence o contrato, via
concorrência pública, para segurança do Mercado Público (contrato cancelado por
falha na prestação de serviço, em julho de 2008). Em 2007/dezembro: a Reação
vence nova licitação para fazer segurança dos Postos de Saúde de Porto Alegre.
Em 2008, no final do ano, em função da má prestação de serviço da Empresa
Reação, a Prefeitura, através da Secretaria Municipal de Saúde, decide não
renovar os serviços pelo período de 12 meses, como facultado pelo contrato. Na
verdade, a Secretaria de Saúde requereu a abertura de processo de Pregão Eletrônico
para escolher novo prestador de serviços. No entanto, tendo em vista a
necessidade da continuidade do serviço público (note-se que em nenhum momento a
Prefeitura deixou de proteger os postos de saúde), a Secretaria requereu a
prorrogação do contrato da empresa Reação pelo prazo de 6 meses ou até que
fosse contratada nova empresa. Observação: o contrato assinado em 2007
permitiria sucessivas renovações até 60 meses. Em 2009, 08 de maio, após ter
conhecimento do vídeo que mostra Marco Antônio Bernardes supostamente recebendo
propina, o Secretário Eliseu Santos o demitiu; 12 de maio, abriu sindicância
interna para apurar os fatos; 13 de maio, o então Secretário entregou para o
Procurador-Geral de Justiça ofício pedindo o acompanhamento do órgão e relatando
os fatos ocorridos, no mesmo dia, ele reitera o pedido; 14 de maio, Eliseu
encaminhou à Polícia Federal pedido para conhecimento das investigações sobre a
empresa Reação; 20 de maio, solicitou à Comissão urgência no processo de
Sindicância e a informação do nome do representante do Ministério Público que
acompanharia a investigação. Identificadas as irregularidades, o contrato foi
rescindido, assumindo a nova empresa. A Prefeitura, como a Empresa Reação...” (Som cortado automaticamente por limitação de tempo.)
O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Vereador, a
Comunicação de Líder do Partido Progressista já houve. O senhor pediu
Liderança, mas não falou. (Pausa.) Ver. Dib, antes de o senhor completar seu
pronunciamento, comunico que estou passando a Presidência da Câmara, neste
exato momento, para o Ver. Mario Manfro, em decorrência da minha Licença. O
Ver. Mario Manfro assume os trabalhos a partir de amanhã, presidindo até o dia
sete.
O SR. PEDRO RUAS: Apenas para registrar
que o Ver. João Dib, naquele momento, não falou em tempo do PP. Foi um pedido
de votação das Comissões Conjuntas. Deixo, também, o nosso abraço e desejo boa
viagem a Vossa Excelência, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Obrigado.
O Ver. João Antonio
Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Na sequência, digo
que estão identificadas as irregularidades, o contrato foi rescindido, e
assumiu a nova empresa. Continuo (Lê.): “A Prefeitura, como a Empresa Reação,
não podia receber os valores em função de irregularidades (falta de negativas,
como, por exemplo, INSS) e ofertou os valores devidos ao
Judiciário, para que este determinasse o que deveria ser feito. Além disso,
tendo em vista ações trabalhistas promovidas pelos ex-funcionários da Empresa Reação,
o Município igualmente depositou em juízo os valores relativos aos direitos de
tais funcionários. Concluída a sindicância, esta foi encaminhada ao Ministério
Público, que já tinha um expediente administrativo (ou seja, um Inquérito em
andamento) a pedido da Prefeitura. Este processo terminou por resultar na
denúncia de um ex-funcionário e dos sócios da Empresa Reação”.
Esses são os fatos que eu gostaria que ficassem
registrados nos Anais da Casa. Estou oferecendo cópias a qualquer Vereador que
desejar - eu tenho várias cópias na minha mão -, para que fique muito claro que
ninguém esconde nada. Tudo está, com toda a tranquilidade, demonstrado aqui.
Nós vamos ver que a Empresa Reação começou seu trabalho numa outra
Administração que não a do Prefeito Fogaça - aliás, três outras Administrações,
considerando o Prefeito João Verle, o Prefeito Tarso Fernando e o Prefeito Raul
Jorge. Os três assinaram contrato com a Reação, estão aqui, estão documentados;
quem tiver alguma dúvida pode pedir uma cópia; se quiserem, trago o Processo
também.
Também cumprimento o Presidente Mario Manfro, que
assumiu, neste momento, em função da viagem do nosso Presidente Tessaro, a quem
eu desejo que seja muito bem sucedido na sua viagem à China, representando esta
Casa. Também quero agradecer a atenção do Líder da oposição, o Ver. Pedro Ruas,
que notou que eu não havia solicitado a Liderança. O Presidente Mario Manfro,
naquele momento, entendeu. Eu disse que não era Liderança, eu estava fazendo um
Requerimento para que se tornasse realidade o que terminou acontecendo: votamos
os três Projetos que a Comissão Conjunta analisou, os três foram aprovados.
Acho que a Câmara hoje fez um bom trabalho, até porque tratou do problema das
crianças, tratou das necessidades da Cidade. E uma das coisas mais importantes
que nós temos é aquilo de que todo mundo reclama: o “x” da Rodoviária em breve
desaparecerá, e vamos ter a satisfação de ter contribuído com isso - todos nós,
todos os 36 Vereadores contribuíram para que isso seja uma realidade e para que
o problema seja solucionado. Saúde e PAZ!
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Mario Manfro): A Verª Maria Celeste está com a palavra para uma
Comunicação de Líder, pela oposição.
A SRA. MARIA
CELESTE: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, eu quero
louvar o esforço do Ver. João Antonio Dib quando busca um histórico da Empresa
Reação no Município de Porto Alegre, mas, para repor e recompor a verdade dos
fatos, é importante dizer que o senhor se esqueceu, Ver. João Antonio Dib, de
que em 2007 a Empresa Reação mudou de donos! Até então, quem dirigia a Empresa
Reação eram outros donos, e já pedi à minha Assessoria que trouxesse aqui o
nome das pessoas que dirigiam a Empresa Reação, que coordenavam o trabalho e o
convênio com a Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Em 2007, o Sr. Renato de
Mello comprou a Empresa Reação e a colocou no nome da sua companheira para a
manutenção do convênio e dos contratos com a Prefeitura. E, a partir daí, de
fato, começaram os problemas.
Então, o senhor traz o histórico correto, essa
empresa já trabalhava com a Prefeitura Municipal de Porto Alegre, mas sob outra
direção, sob outra coordenação, com outros donos. É importante resgatar isso no
histórico que o Ver. João Antonio Dib traz. Lamentavelmente, a partir da gestão
do Sr. Renato Mello, em 2007, é que começaram os problemas na Prefeitura
Municipal de Porto Alegre. Iniciou da mesma forma - da mesma forma - como na
Polícia Federal. A empresa, sob a orientação, a direção do Sr. Renato Mello,
teve um contrato de apenas seis meses. Acredito que ali faltou iniciativa,
fiscalização do Executivo Municipal, porque a empresa, em 2007, começou a dar
problema no Município, teve um contrato com a Polícia Federal, foi exonerada em
relação a esse contrato, não o manteve. Por conta das irregularidades, deveriam
ter tomado providências. Então, não queira culpar a Prefeitura anterior, Ver.
Dib, os Prefeitos anteriores, porque havia fiscalização e controle sobre a
empresa, não havia sequer nenhum desses problemas que foram amplamente
colocados.
Eu entendo e compreendo o esforço que a situação
faz para abafar a situação nessa questão da Saúde no Município de Porto Alegre.
Nós, no ano passado, alertávamos sobre todos os problemas. Tivemos o caso da
denúncia da propina, escancaradamente divulgada pela Rede Record no Município
de Porto Alegre; chamamos para uma reunião, quando o Sr. Renato Mello esteve
aqui e falou que, de fato, ele tinha que pagar propina para o Sr. Marco Antonio
Bernardes, em nome do Secretário de Saúde do Município de Porto Alegre.
Lamentavelmente, ocorreu a morte do Secretário, e vejam todos os envolvimentos
que agora estamos presenciando, por meio da imprensa, por iniciativa, por
investigação do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul. Tanto o Ministério
Público como a Polícia Civil têm direcionamentos e posicionamentos sobre esse
caso da morte do Sr. Secretário, e queremos aqui repetir que lamentamos
profundamente.
Agora, o Sr. Renato Mello esteve nesta Casa. E
aquilo que o Ministério Público está investigando, aquilo que o Sr. Renato
Mello e o Sr. Marco Bernardes têm colocado para o Ministério Público nós
ouvimos do Sr. Renato Mello aqui neste plenário, naquela tarde, naquela
terça-feira - eu lembro muito bem -, na Comissão de Saúde, quando ele reafirmou,
recolocou todas as denúncias que hoje norteiam a linha de investigação do
Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul. A Promotora que está
investigando o caso está colocando novos nomes, estão aparecendo outros nomes e
outros envolvimentos que nós queremos que, de fato, sejam esclarecidos, porque
há a morte de um ser humano no meio desse caminho, o que nós lamentamos
profundamente e queremos ver esclarecidos todos os fatos.
Houve sim, no meu juízo, do meu ponto de vista, uma
omissão do Prefeito Municipal, do Prefeito Fogaça, quando eles percebiam
irregularidades e simplesmente tomavam providências muito sutis, fracas
providências numa situação tão grave como a situação de propina, de suborno,
denunciada, escancarada pela imprensa local. E mais: a atuação do Prefeito foi
para abafar uma CPI da Saúde nesta Casa, porque diziam que isso era disputa
eleitoral. O que ocorre até hoje, porque, lamentavelmente, veio a morte do
Secretário, vieram denúncias do Instituto Sollus, mais desvios de recursos na
saúde, foram 9,5 milhões de reais. A população de Porto Alegre assiste
aterrorizada a tudo isso, e os Vereadores aqui da Câmara Municipal se calam,
cruzam os braços, não cumprem com a sua responsabilidade, porque o Prefeito não
deixou assinar a CPI da Saúde. Muito obrigada, Sr. Presidente.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Mario Manfro): O Ver. Bernardino Vendruscolo está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR.
BERNARDINO VENDRUSCOLO: Ver. Mario Manfro, Sras Vereadoras e
Srs. Vereadores, Verª Maria Celeste, nós já estamos vendo o Ministério Público
de um lado e a Polícia de outro - Polícia Civil e Polícia Federal -, mas V. Exª
e outros Vereadores insistem que nós, Vereadores, também temos que entrar nesse
trabalho. Vamos respeitar o Ministério Público e a Polícia. Seria quase como
nós subirmos aqui e, desta tribuna, chamá-los de incompetentes. O que eles
estão fazendo? Não estão investigando? O que nós vamos fazer? Fazer discurso
político só se o Ministério Público e a Polícia vierem a esta Casa e enunciarem
mais ou menos assim: “Nós não temos capacidade de investigar, não temos
competência...” E por aí vai. Nesse caso, parece-me que teríamos a obrigação de
entrar nesse trabalho.
Às vezes, eu penso que poderíamos pedir um atestado
para o nosso médico da Casa para descansarmos um pouco, porque todo santo dia é
a mesma coisa. Eu passo a me convencer de que esse é um problema de pesquisa
eleitoral, quer dizer, está havendo uma certa preocupação. E eu não vou falar
mais, porque desta tribuna não podemos fazer campanha política - ontem eu já
disse isso. Nós devemos ter responsabilidade, porque o Vereador, sozinho, não é
responsável pelo que fala nesta tribuna, a Casa é responsável também. Já
recebemos esse aviso em outros momentos e estaremos recebendo, na semana que
vem, novamente esse alerta.
Parece que não temos mais nada para fazer no
Município, quando estamos vendo - e é verdade - muita coisa a ser feita, muita
coisa! Agora, se nós, Vereadores - não importa se oposição ou situação -,
ficarmos aqui fazendo esse discurso todo santo dia, acabaremos perdendo até o
crédito. Quando alguém fala a vida inteira a mesma coisa, as pessoas cansam até
de ouvir, daqui a pouco vão começar a desligar a TVCâmara e não vão nos
assistir mais, porque sempre é a mesma coisa: ou é o problema do homem que
morreu, ou é o problema da empresa de vigilância, ou é o problema de não sei
quantos milhões que foram desviados. Isso começa a perder o crédito. Toda a
Casa perde com isso. Até lhe digo mais: depois da eleição eu até vou concordar,
de repente, se persistir essa ladainha, em assinar essa CPI. Agora, neste
momento, para fazer campanha política, partidária, não vou me prestar.
Venho aqui falar em nome da Bancada do PMDB, a qual
eu agradeço por me destinar este tempo, mas, na verdade, se as pesquisas
estivessem trazendo outros números, com certeza nós não iríamos ver essa
ladainha todo santo dia aqui. Parece que não estamos dando credibilidade ao
Ministério Público, à Polícia Civil, à Polícia Federal. Parece que temos que,
de repente, tomar o lugar deles, essa é a impressão que dá. Então, com todo o
respeito, eu acho que precisamos dar credibilidade a essas instituições, não me
parece oportuno ficar todo o dia falando a mesma coisa. Eu acho que a CPI é um
direito, Presidente, dos Vereadores, quando atingir aquele número, que é a
assinatura de um terço dos Vereadores da Casa. Mas enquanto não atingir esse um
terço...
Presidente, eu peço que o senhor assegure o meu
tempo, porque não estou conseguindo falar, está havendo uma torcida, eu não sei
por que aplaudem tanto.
O SR.
PRESIDENTE (Mario Manfro): Está assegurado, Vereador.
O SR.
BERNARDINO VENDRUSCOLO: Vejam só, eu vou levantar uma outra questão, até
porque nós precisamos ter entre nós, Vereadores, e o nosso Regimento diz isso,
uma certa compreensão. Na medida em há essa insistência - insistência,
insistência -, nós estamos, na verdade, perdendo um com o outro, não vou dizer
o respeito, mas a consideração. Ninguém é obrigado a assinar; então, por favor,
vamos nos organizar.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA.
FERNANDA MELCHIONNA: Só gostaria de registrar, Sr. Presidente, uma
questão de esclarecimento para a Casa. O art. 31 da Constituição Federal prevê
como papel constitucional do Vereador o papel de fiscalização. Para aqueles que
acham que o Vereador quer tomar espaço de outros Poderes, isso está previsto na
Constituição Federal. Esse não é só o nosso papel, é o nosso dever enquanto
Vereadores. Gostaria de registrar isso nos Anais desta Casa.
O SR. PRESIDENTE
(Mario Manfro): Está feito o registro, Verª Fernanda Melchionna.
A SRA. MARIA
CELESTE (Requerimento): Amanhã à tarde, eu tenho programada uma Sessão
Solene para entrega do Troféu Câmara Municipal ao Dr. Miguel Velasquez e,
lamentavelmente, fui informada, agora, que o Vereador designado pela Mesa para
presidir a Sessão não estará aqui. Então, eu gostaria que a Mesa me informasse
qual Vereador poderá presidi-la, porque não vou convidar nenhum Vereador de
última hora para realizar esse trabalho. Assim como o Ver. Bernardino fala que
temos muito trabalho nesta Casa - eu concordo com ele -, nós não podemos nos
eximir das nossas responsabilidades. Portanto, eu gostaria que a Mesa me
dissesse qual Vereador foi designado para presidir a Sessão de entrega desse
troféu.
O SR.
PRESIDENTE (Mario Manfro): Como o assunto está chegando à Mesa neste momento,
vamos consultar os nossos Pares e, certamente, teremos...
O SR.
BERNARDINO VENDRUSCOLO: Se não houver nenhum Vereador disponível, dentro
da nossa ordem cronológica, eu sou candidato.
O SR.
PRESIDENTE (Mario Manfro): Ver. Bernardino Vendruscolo, o senhor, como 1º
Secretário, está designado, e assim fica resolvido o problema colocado.
O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. REGINALDO
PUJOL: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores;
honestamente, eu não pretendia usar da tribuna, estou inscrito, inclusive, para
discutir a Pauta, mas já havia concordado em encerrarmos a Sessão, pois acho
que já produzimos o suficiente nesta Casa. Na verdade, até estou falando em
homenagem à Verª Fernanda, que me pediu que eu não falasse. Há algumas coisas
que nós precisamos vir à tribuna e nos manifestar, para que as pessoas que
eventualmente estejam nos ouvindo, pelas transmissões que a TVCâmara faz, não
achem que o nosso silêncio é concordância com algumas afirmações que aqui são
feitas.
Eu quero, Ver. João Bosco, informar à Verª Maria
Celeste, mais uma vez, que ninguém determina as minhas posições aqui nesta
Casa, e eu não recebi ordem de Prefeito algum para assinar ou deixar de assinar
qualquer documento nesta Casa, inclusive convocação de Comissão Parlamentar de
Inquérito, até porque o Prefeito me conhece suficientemente bem para saber que
não teria resultado qualquer determinação nesse sentido, porque eu não sou
homem de receber determinação de ninguém. E como eu é também a Casa como um
todo, o Ver. João Antonio Dib, o Ver. Haroldo de Souza... Agora, eu reconheço o
direito de a oposição requerer o que bem entender, da forma que entender, mas
eu quero ter reconhecido o meu direito de acolher ou não o que eles propõem.
Eu li, como todos leram, o Regimento da Casa, e
sei, Verª Fernanda Melchionna, que além do poder de fiscalização, que é geral,
existe o poder de investigação, que é feito pelas CPIs. Agora, eu lhe pergunto
o seguinte: nós vamos investigar o quê? O que não foi investigado pelo
Ministério Público? O que não foi investigado pela Polícia Federal? O que não
foi investigado pela Polícia Civil? O que não foi investigado pelo Tribunal de
Contas de Estado? Esse assunto está na mão de todo mundo! Nessa hora, em que
existem pessoas denunciadas, em que o júri vai determinar se elas estão
corretamente ou não denunciadas, o que nós vamos decidir? Como é que nós vamos
cumprir o art. 71, que diz que, terminado o parecer, com suas conclusões, será
encaminhado, conforme o caso, ao Ministério Público? Mas o que nós vamos
encaminhar ao Ministério Público, Sr. Presidente, se foi o Ministério Público
que promoveu toda essa investigação? Correta ou não, não me cabe decidir, está sub judice.
Então, que fique claro para toda a Casa, para todos
os que estiverem me ouvindo: não pensem que alguma vez eu vou me constranger
com essa história de dizer que alguém me determinou fazer alguma coisa. Porto
Alegre me conhece, conhece-me muito bem! Os meus amigos dizem que eu tenho a
grande propriedade e a característica de ser muito humilde com os humildes, mas
extremamente altruísta e até birrento com os prepotentes, e ninguém vai me
botar medo! Eu não assinei essa CPI porque não sei nem quais são as razões da
CPI! Nunca me mostraram! E porque eu tenho a conclusão de que sobre essa
matéria não cabe mais esta Casa fazer investigação de qualquer ordem; é perda
de tempo, é demagogia, é campanha eleitoral!
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Mario Manfro): Passamos à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
(05 oradores/05 minutos/com aparte)
1ª SESSÃO
PROC.
Nº 1242/10 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 006/10, de autoria do
Ver. Dr. Thiago Duarte, que altera os Anexos 1 e 2 da Lei Complementar nº 626,
de 15 de julho de 2009 – que institui o Plano Diretor Cicloviário Integrado e
dá outras providências –, incluindo a Avenida Ecoville nesses Anexos.
2ª SESSÃO
PROC.
Nº 1018/10 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 010/10, de autoria do
Ver. Paulinho Rubem Berta, que inclui art. 104-A na Lei Complementar nº 395, de
26 de dezembro de 1996 – Código Municipal de Saúde –, e alterações posteriores,
determinando aos estabelecimentos que servirem alimentos a utilização e o
fornecimento de guardanapos e canudos embalados de forma hermética e
individual.
PROC.
Nº 1652/10 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 078/10, de autoria do
Ver. Haroldo de Souza, que institui o monumento Homenagem de Porto Alegre aos
Bombeiros, a ser erigido na Praça de Espanha, no Bairro Praia de Belas, e dá
outras providências.
O SR.
PRESIDENTE (Mario Manfro): Não há inscritos no período de Pauta. Está
encerrada a discussão da Pauta.
Declaro encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a
Sessão às 17h52min.)
* * * * *